sábado, 13 de outubro de 2012

Os Sete Pecados na TV e na Música Brasileira-Do livro-OS SETE PECADOS CAPITAIS-FERNANDO MARTINS FERREIRA

Os Sete Pecados na TV e na Música Brasileira Em 2007, a Rede Globo de Televisão, apresentou a novela “Sete Pecados” de Walcyr Carrasco, com direção de Jorge Fernando, Pedro Vasconcelos, Fred Mayrink e Marcelo Travesso. A novela foi um sucesso e tratou com humor e irreverência o tema proposto. As músicas contribuíram enormemente para o sucesso da novela. Veja algumas letras que fizeram parte da discografia da novela, cada uma fala claramente de um pecado capital. Luciana Mello cantou o pecado da soberba na música “Vaidade”. Vaidade Quando eu entro na história O roteiro é só prá mim Não aguento, essa escória Que não quer me ver assim... Poderosa, Preciosa Generosa até demais Minha imagem, dá o brilho No cenário dos mortais... Quando eu chego nos lugares Viro o centro da atenção Umas morrem de inveja Outros morrem de paixão... Poderosa, Luxuosa Caridosa até demais Com esse mundo, tão cafona Limitado dos mortais... Meu nome é Vaidade Não nasci prá Amélia Eu não quero saber quanto é Vaidade é, prá quem pode Vai dizer que você não quer?...(2x) Não nasci prá Amélia, não! Meu nome é Vaidade! Quando eu entro na história O roteiro é só prá mim Não aguento, essa escória Que não quer me ver assim... Poderosa, Preciosa Generosa até demais Minha imagem, dá o brilho No cenário dos mortais... Meu nome é Vaidade Não nasci prá Amélia Eu não quero saber quanto é Vaidade é, prá quem pode Vai dizer que você não quer?...(2x) Eu duvido que você não queira! Meu nome é Vaidade! Quando eu entro na história O roteiro é só prá mim... Débora Blando fala da Inveja em “Contrato Assinado”. Contrato Assinado Você esqueceu um detalhe Não finja que não percebeu O acaso falou o seu nome Pensando no meu... Não olhe prá mim Com essa cara Você ainda não entendeu Eu nasci com o direito A ser dona de tudo que é seu... Eu tenho em minhas mãos Esse contrato assinado Com sangue derramado em papel A chave é a escritura De um palácio no inferno Por um quarto e sala no céu... Você quer vender, sua alma Você quer vender, quanto é? Você é dos meus, da minha laia Então faça seu preço E depois pague prá ver qual é... Você já conhece essa lenda Não finja que você não leu Você anda cruzando demais Seu caminho no meu Não vejo motivo prá espanto Há tempos que a lei é assim Você só vai ganhar esse jogo Se perder prá mim... Eu tenho em minhas mãos Esse contrato assinado Com sangue derramado em papel A chave é a escritura De um palácio no inferno Por um quarto e sala no céu... Você quer vender, sua alma Você quer vender, quanto quer? Você é dos meus, da minha laia Então faça seu preço E depois pague prá ver qual é Qual é? Cláudio Zoli fala da Ira na música “Ira”. Ira A Ira! A Lira da Ira!...(2x) Quando a vida Lhe contrariar Você entra em crise Não reage bem Odeia o mundo Tomado pela Ira Você pira E se transforma Em alguém... Alguém impossível Alguém sem juízo Alguém não ama ninguém Perdido no escuro Sem fé sem futuro Você finge E engana bem... São 7 cores no arco-íris São 7 notas musicais São 7 buracos na cabeça São 7 pecados capitais...(2x) A Lira da Ira!... Sei que a Ira Pode ser santa Eu sei que a Ira Pode salvar Quem canta a Ira Os males espanta Mas do que nunca Eu preciso cantar... Pecado é mesmo secreto Segredo é sempre sagrado A Ira nasce do medo Qual será o pior Dos 7 pecados?... São 7 cores no arco-íris São 7 notas musicais São 7 buracos na cabeça São 7 pecados capitais...(2x) Alguém impossível Alguém sem juízo Alguém não ama ninguém Perdido no escuro Sem fé, sem futuro Você finge e engana bem... São 7 cores no arco-íris São 7 notas musicais São 7 buracos na cabeça São 7 pecados capitais...(3x) A Lira da Ira!(8x) O grande cantor e compositor Zeca Pagodinho cantou a Preguiça em “Exaustino”. Exaustino Exaustino não quer se estressar Leva a vida na boa, devagar Exaustino quer ver fogo no mar Quer comer peixe frito sem fritar E nem ter nem trabalho de pescar Exaustino quer deitar e rolar... Marcha lenta, ele não tá nem aí Exaustino não come abacaxi Nem siri, porque pode se cansar Come, dorme, café, almoça e janta Não tá nem aí se o galo canta Tá engordando sem parar... Exaustino é o rei dentro de casa Não move uma palha meu Deus Ele quer tudo na mão Tomar banho prá ele É uma batalha Vê se toma jeito essa preguiça Enfraquece o coração... Mas o doutor já avisou Que o cigarro Também tem que parar Não é fácil mas tem Que se esforçar E acordar de manhã prá caminhar Sua gula vai ter que segurar E no regime alimentar Perder peso e a pressão Ir pro lugar... Mas o doutor já avisou Que a saúde não pode descuidar Exaustino vai ter que se ligar É castigo demais prá ele pagar Dessa vez vai ter que se acostumar Se não o bicho vai pegar Vai ter um pire-paque Se ferrar... A Avareza foi cantada por Rodrigo Santos na música “Pão Duro”. Pão Duro Chegou o Pão-Duro Sempre tira uma casquinha Tem medo de perder tudo E economiza gota de latinha... Ele agora divide seu tempo Que não consegue gastar Entre o que já possui E o que ainda vai conquistar... Ele vem de berço humilde E hoje continua pobre De espírito e de alma De que adianta ser rico? A vida para ele Não é o bem, contra o mal Ele prefere ter mais coisas A ser um sujeito legal... Pão-Duro! Abre esse coração Pão-Duro! Se eu pudesse abrir Esse coração! Pão-Duro! Abre esse coração Pão-Duro! Se eu tivesse um machado Abriria o seu coração... Chegou o Pão-Duro Sempre tira uma casquinha Tem medo de perder tudo E economiza gota de latinha... O dinheiro no cofre É prá onde vai seu carinho Um dia é hipócrita No outro dia é mesquinho... Ele vem de berço humilde E hoje continua pobre De espírito e de alma De que adianta ser rico? A vida para ele Não é o bem, contra o mal Ele prefere ter mais coisas A ser um sujeito legal... Pão-Duro! Abre esse coração Pão-Duro! Se eu pudesse abrir Esse coração! Pão-Duro! Abre esse coração Pão-Duro! Se eu tivesse um machado Abriria o seu coração... Pão-Duro! Abre esse coração Pão-Duro! Se eu pudesse abrir Esse coração! Pão-Duro! Abre esse coração Pão-Duro! Se eu pudesse arregava O seu coração... Pão-Duro! (Abre a carteira) Pão-Duro! (Volta prá família) Pão-Duro! (Pr'os seus filhos, os amigos) Pão-Duro! Abriria o seu coração Mesquinho! Falido! Pequeno! Merreca! Merreca! Pão-Duro! Eduardo Dusek cantou a Gula na música “Gula”. Gula Comer! Porque viver é se empapuçar. Engole tudo que der pra traçar. Se a farinha "tá" pouco o pirão vai pirar. Fritar! O mundo é um kibe feito no dendê, e põe pimenta que você vai ver vai arder no começo mas dá prazer. Porque se não a vida é pizza sem "tumate", mussarela. Eu quero é molho, porque a coisa fica boa quando mela. Não existe colesterol, isso é papo de "besteirol", Eles não querem engordar. Eu vou me empanturrar. Que o planeta "tá" afim de ramgar e mamar!!! Comer! Porque viver é se empapuçar. Engole tudo que der pra traçar. Se a farinha "tá" pouco o pirão vai pirar. Porque se não a vida é pizza sem "tumate", mussarela. Eu quero é molho, porque a coisa fica boa quando mela. Não existe colesterol, isso é papo de "besteirol", Eles não querem engordar. Eu vou me empanturrar. Que o planeta "tá" afim de rangar e mamar!!! É, eu vou sugar, Me empaturrar E sei, que vou engordar É mas, mamãe eu quero mamar É, quero mamar Mamãe eu quero Oh! Yes Mamãe eu quero Oh! Yes Isabela Taviani fala-nos sobre a Luxúria na música do mesmo nome. Ei-la. Luxúria Dobro os joelhos Quando você, me pega Me amassa, me quebra Me usa demais... Perco as rédeas Quando você Demora, devora, implora E sempre por mais... Eu sou navalha Cortando na carne Eu sou a boca Que a língua invade Sou o desejo Maldito e bendito Profano e covarde... Desfaça assim de mim Que eu gosto e desgosto Me dobro, nem lhe cobro Rapaz! Ordene, não peça Muito me interessa A sua potência Seu calibre, seu gás... Sou o encaixe O lacre violado E tantas pernas Por todos os lados Eu sou o preço Cobrado e bem pago Eu sou Um pecado capital... Eu quero é derrapar Nas curvas do seu corpo Surpreender seus movimentos Virar o jogo Quero beber, o que dele Escorre pela pele E nunca mais esfriar Minha febre... Eu quero é derrapar Nas curvas do seu corpo Surpreender seus movimentos Virar o jogo Eu quero é beber, o que dele Escorre pela pele E nunca mais esfriar Minha febre... Desfaça assim de mim Que eu gosto e desgosto Me dobro, nem lhe cobro Rapaz! Ordene, não peça Muito me interessa A sua potência Seu calibre, seu gás... Sou um encaixe O lacre violado E tantas pernas Por todos os lados Eu sou o preço Cobrado e bem pago Eu sou Um pecado capital... Eu quero é derrapar Nas curvas do seu corpo Surpreender seus movimentos Virar o jogo Quero beber, o que dele Escorre pela pele E nunca mais esfriar Minha febre... Eu quero é derrapar Nas curvas do seu corpo Surpreender seus movimentos Virar o jogo Eu quero é beber, o que dele Escorre pela pele E nunca mais esfriar Nunca mais esfriar Nunca mais esfriar Minha febre... E assim, com mais ou menos irreverência, todos os pecados foram abordados trazendo o assunto para a sociedade discutir.

DESESPERO INJUSTIFICAVEL= DIVALDO FRANCO

Desespero Injustificável Postado por Carlos Ernesto Prokisch em 29 fevereiro 2012 às 0:19 . Pensas: “Aceitei, confiante, a fé e a luta me parece mais rude. A fadiga me segue e o desespero me cerceia. Tenho a impressão de que forças tiranizantes me amesquinham, comprazendo-se com os meus tormentos.” Analisas: “Abracei o Cristianismo Redivivo no Espiritismo, guardando a esperança de esclarecido, repousar, e edificado pelo esclarecimento, viver em paz. No entanto, com a dilatação do conhecimento, parece-me que problemas com os quais eu não contava repontam multiplicados e dissabores me assinalam as horas.” Comentas: “Que ocorre comigo? Não desejava melhoras econômicas ao aceitar a Doutrina renovadora, todavia, surpreendo-me com tantos insucessos… Não aguardava um paraíso entre os companheiros, mas, por que a animosidade?” Concluis: “Desisto — eis a solução. Talvez, quem sabe? — imaginas — eu esteja deixando consumir-me pelo excesso do ideal… Vejo outros companheiros com ares felizes, bem postos, joviais… Algo, comigo, está errado” Sim, algo está errado: a conclusão a que chegaste. Todo compromisso elevado exige esforço no empreendimento, luta na execução, força no ideal. Quem pretende fruir antes de produzir conserva infantilidade mental. O homem velho para despojar-se do manto característico não consegue fazê-lo sem uma grande revolução íntima. O passado de cada espírito em luta, na Terra, é todo um amontoado de escombros a retirar para reconstruir, reaparelhar. Enquanto alguém se demora em charco pestilento acostuma-se ao recender da podridão. O horizonte visual é maior de quanto mais alto o contemplamos. É, pois, compreensível que, desejoso de uma vida melhor sejam concedidas às tuas possibilidades atuais as lutas redentoras para mais altos vôos. Com as percepções espirituais desenvolvidas e sintonizadas com as Esferas da Luz, teus inimigos desencarnados, na retaguarda, redobram a vigilância junto aos teus movimentos e, de paixões açuladas ante a perspectiva de perderem o comensal de antigas loucuras, atiram-se, desordenadamente, “dispostos a tudo”… Ora, porfia, estuda e ama. A oração elevar-te-á além das sombras densas. A porfia retemperará tuas forças. O estudo dilatará a tua faculdade de discernir. E o amor te concederá as láureas da paz, oferecendo-te os tesouros inalienáveis da felicidade sem jaça. Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, o Embaixador das Cortes Celestes, registrou: “Sob a influência das idéias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso…” “Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma impressão mais lhe causa os passageiros sofrimentos terrenos…” “Não é possível, no estado de imperfeição em que te encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele o percebe e, precisamente para chegar a frui-la, é que trata de se melhorar.” Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Dimensões da Verdade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. http// grupoesperança

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

OS SETE PECADOS CAPITAIS E SEUS RESPECTIVOS DEMONIOS-FERNANDO MARTINS FERREIRA

Os Pecados e seus respectivos Demônios Em 1859, Peter Binsfeld, um teólogo alemão, comparou cada um dos pecados capitais com seus respectivos demônios segundo os significados mais usados: Pecado Demônio - Soberba - Lúcifer - Inveja - Leviatã - Ira - Satã - Preguiça - Belphegor - Avareza - Mammon - Gula - Belzebu - Luxúria - Asmodeus * Se7ven – O Filme Em 1995, a Playarte Home Vídeo, lançou o filme Se7ven, de David Fincher, com um super elenco encabeçado por Brad Pitt, Morgan Freeman, Kevin Spacey entre outros. O filme, um excelente suspense policial, acontece em torno da investigação de uma série de crimes em que o assassino escolhe suas vítimas de acordo com os sete pecados capitais. O primeiro corpo encontrado é o de um homem extremamente obeso, que foi obrigado a comer até a morte. Atrás da geladeira está escrito com gordura a palavra “Gula”. A seguir um advogado é forçado a se mutilar para sangrar até a morte (Cobiça-Soberba). Um delinquente é amarrado em sua própria cama por um ano (Preguiça) e uma modelo tem o rosto desfigurado (Vaidade). Uma prostituta é brutalmente empalada (Luxúria). A Inveja e a Ira aparecem no final do filme. A história se desenrola em sete dias e se passa numa chuvosa e sombria Los Angeles. O interessante é que na época, os membros da academia de Hollywood esnobaram a produção, concedendo-lhe uma única indicação para o Oscar: a de melhor montagem. No entanto, o reconhecimento veio do público que lotou as salas de exibições em todo o mundo e rapidamente se tornou um dos favoritos do público em todas as épocas. Arrecadou U$ 350 milhões de dólares, valor dez vezes maior que seu orçamento. Vale a pena conferir, mesmo que o leitor já o tenha visto.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A LUXÚRIA- DO LIVRO: OS SETE PECADOS CAPITAIS (2010) FERNANDO MARTINS FERREIRA

A Luxúria A luxúria segundo definição do dicionário é um substantivo feminino derivado do latim Luxuria. Também é libertinagem, sensualidade, lascívia. Segundo a igreja católica é um desejo desordenado pelo prazer sexual. Os desejos e atos são desordenados quando não se conformam com o propósito divino, que é propiciar o amor mútuo entre os esposos e favorecer a procriação. Fere portanto o sexto mandamento (não pecarás contra a castidade). Através dela, se mata, se vende a dignidade humana, se trai, usa-se drogas, suja a alma e se corrompe a ganância, vaidade e ambição. Mas não está no sexo a sujeira em si, mas o uso que fazemos dele. Coisas como bigamia, incesto, pedofilia, prostituição, pornografia, zoofilia, fetichismo, bestialismo, sadismo (busca do prazer inflingindo dor ao parceiro) e masoquismo (busca do prazer recebendo punições que envolvem dor) são considerados desvios sexuais. Segundo o site Cristianismo por toda a vida, o pecado da luxúria é dividido em três: 1º - Atos consumados segundo a Natureza Atos que materialmente não se distinguem do ato matrimonial, mas formalmente, se distinguem porque a intenção não é a busca do prazer venéreo. Não há uma comunidade de vida; não há amor aos filhos que advenham dessa relação. Só se busca o prazer, acima de tudo; exclui-se a finalidade. Muitas vezes são atos em que se procura evitar a concepção com preservativos e anticonceptivos. 2º - Pecado da fornicação (relação pré-matrimonial) Na fornicação pode até haver amor, mas não há matrimônio. É a relação pré-matrimônio dos noivos. Excluem-se filhos com pílulas, portanto, é pecado. 3º Pecado do adultério No adultério, vai-se contra o matrimônio natural, entra outra pessoa naquela comunidade do homem e da mulher e arruína a família, desonra os filhos. É uma injustiça se for em pensamento, uma intenção (telefone namoro) será contra o 9º mandamento é pecado contra a natureza porque é uma desordem. Segue informando o site: “O outro pecado de luxúria são os atos consumidos contra a natureza, mais graves que a fornicação e o adultério, atos que não são para gerar e provocam um prazer venéreo, fora do ato sexual”. Onanismo: Pecado de Onam (Gêneses: 38, 9-10) – Deus condena Onam pela união voluntariamente interrompida. É contra a natureza buscar o prazer sem a relação completa. O onanismo também ocorre quando se usa instrumento contraceptivo ou preservativo. Impedem a relação normal por outros meios que não sejam os métodos naturais, impedindo a união das células femininas e masculinas. Sodomia: Homossexualismo Atos externos não consumados Maus atos podem provocar um prazer venéreo. Masturbação: ... na linha de tradição, constante, tanto no magistério da igreja como o senso moral dos fieis afirmam sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseco e gravemente desordenado... Esses pecados são contra a natureza humana, quando uma pessoa se deixa levar, torna-se inadequado para o amor e para a educação dos filhos. Em relação à pornografia o site nos ensina: “A pornografia consiste em retirar atos sexuais, reais ou simulados da intimidade dos parceiros para exibi-los a terceiros de forma deliberada... São revistas, filmes, programas e algumas novelas... Maus pensamentos e lembranças também são pecados contra a castidade”. Asmodeus é considerado um dos príncipes, do inferno, subordinado a Lúcifer, e é o demônio que rege a Luxúria. Veja agora o que o monge Evágro Pôntico (ou do Ponto), aquele mesmo que como já vimos, listou os oito pecados capitais no século IV, escreveu para os seus irmãos monges, sobre a luxúria. É extremamente interessante. “A moderação gera a regra enquanto que a gula é a mãe do desenfreio; o óleo alimenta a luz da lamparina e o frequentar mulheres atiça a chama do prazer. A violência da onda se desencadeia contra o mercador mal ancorado, assim como o pensamento da luxúria, se desencadeia sobre a mente do imoderado. A luxúria virá aliada à saciez, lhes concederá licença, se juntará aos adversários e combaterá, finalmente do lado dos inimigos. Permanece invulnerável às flechas inimigas aquele que ama a paz interior e a tranquilidade de recolhimento; ao contrário, aquele que se mistura com a multidão recebe golpes continuamente. O olhar para uma mulher é semelhante a um dardo venenoso: fere a alma, nos injeta veneno e, quanto mais perdura, tanto mais espalha a infecção. Aquele que busca defender-se destas flechas se mantém alheio das multitudinárias reuniões públicas e não divaga com a boca aberta nos dias de festa; é muito melhor ficar em casa, passando o tempo orando, do que fazer a obra do inimigo crendo honrar as festas. Evita a intimidade com as mulheres se realmente desejas ser sábio e não lhes dê liberdade para falar-te, nem confiança. Com efeito, no início tem ou simulam uma certa cautela; porém a seguir, ousam fazer tudo descaradamente. Na primeira aproximação, mantém o olhar baixo, falam docemente, choram comovidas, tratam seriamente, suspiram como amargura, fazem perguntas sobre a castidade e escutam com atenção; na segunda vez, levantam um pouco mais a cabeça; na terceira vez, aproximam-se sem muito pudor; tu sorris e elas se põem a rir desafiadoramente; a seguir, se embelezam e se te mostram com ostentação; seus olhares passam a anunciar ardor, levantam as sobrancelhas e os olhos, desnudam o pescoço e abandonam todo o corpo à fraqueza, pronunciam frases abrandadas pela paixão te dirigem uma voz fascinante ao ouvido até apoderarem-se por completo de tua alma. Ocorre que estas ciladas te encaminham à morte e estas redes entrelaçadas te arrastam à perdição. Portanto, não te deixas enganar sequer por aquelas que se servem de discursos discretos; nestas, com efeito, se oculta o maligno veneno das serpentes”. Como era sábio esse Monge hein!? A luxúria na literatura:  Decamerão de Giovanni Bocacio (1348-1353). A obra é considerada um marco literário na ruptura entre a moral medieval em que se valoriza o amor espiritual e o início do realismo, iniciando o registro de valores terrenos, que veio redundar no humanismo.  A Casa dos Budas Ditosos de João Ubaldo Ribeiro (Editora Objetiva) O livro é narrado por uma mulher de 68 anos, nascida na Bahia, falando de sua própria vida, de seus amores, e de como jamais se furtou de viver intensamente – com todos os prazeres e sem respingos de culpa – as infinitas possibilidades do sexo. Ao falarmos de luxúria na literatura não podemos deixar de citar dois grandes escritores brasileiros, são eles: Jorge Amado e Nelson Rodrigues. Suas obras são sensuais, provocantes e fortes. No primeiro, a sensualidade é morena, faceira, quente, envolvente; no segundo crua, violenta, passional.  Jorge Leal Amado Nasceu em 10/08/1912, na fazenda Auricídia, município de Ilhéus-BA, mas foi registrado em Itabuna. Faleceu em 06/08/2001. Foi romancista, contista, poeta, dramaturgo, cronista e crítico literário. Nos deixou 49 obras, todas elas voltadas para temas nacionais de raízes. Suas obras trazem os problemas, as injustiças sociais, o folclore, a política, crenças e tradições, tudo isso misturado na grande sensualidade do povo brasileiro. Essa sensualidade salta aos olhos nas páginas das obras: - Tenda dos milagres, Capitães de areia, Jubiabá, O compadre de Ogun, Teresa Batista Cansada de guerra, Dona Flor e seus dois maridos, Gabriela cravo e canela, Tieta do agreste. Não por acaso, suas principais obras (três últimas) receberam o nome de mulher. Seus livros foram traduzidos em 55 paises e 49 idiomas. Frases de Jorge Amado: “Para mim, o sexo sempre foi uma festa. Aos 82 anos, a festa é muito diferente do que era aos 20, aos 50, mesmo aos 60: é uma festa que é feita da experiência, do refinamento.” “A vida me deu mais do que pedi e mereci. Não me falta nada. Tenho Zélia e isso me basta.” “Na realidade, o tema da infelicidade tem engendrado montanhas de livros horríveis, umas masturbações insuportáveis.” “Acho que você não deve fazer nada que não o divirta, lhe dê prazer. Também não deve exercer um ofício, uma profissão para a qual é incompetente.”  Nelson Falcão Rodrigues: Nasceu na cidade de Recife em 23/08/1912. Foi poeta, escritor e dramaturgo. Retratou com fidelidade o cotidiano da sociedade, as tragédias domésticas, enfim, “a vida como ela é”, porém com muita sensualidade. Escreveu 16 peças para teatro e sua obra completa abrange 04 volumes que foram divididos pelo crítico de arte Sabato Magaldi dessa forma: Peças Psicológicas: - A mulher sem pecado - Vestido de noiva - Valsa nº 06 - Viúva porém, honesta - Anti-Nelson Rodrigues Peças Místicas: - Anjo Negro - Álbum de família - Senhora dos afogados - Doroteia Tragédias Cariocas I: - Boca de ouro - A falecida - Os sete gatinhos - Perdoa-me por me traíres Tragédias Cariocas II: - O beijo no asfalto - Bonitinha, mas ordinária - Toda nudez será castigada - A serpente Escreveu também diversos romances entre eles: - Meu destino é pecar - Escravos do amor - Núpcias de fogo - A mulher que amou demais - Asfalto selvagem (ficou mais conhecido como: “Engraçadinha”) - O casamento Escreveu também diversos contos. Entre eles: - Elas gostam de apanhar - Cem cartas escolhidas - A vida como ela é - A dama do lotação e outros contos e crônicas - O homem fiel Crônicas: - A cabra vadia - O óbvio ululante: primeiras confissões - A menina sem estrela - A mulher do próximo Frases de Nelson Rodrigues: “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.” “A educação sexual só deveria ser dada por um veterinário”. “Os padres exigem o fim do celibato. Portanto, odeiam a castidade. Imaginem um movimento de meretrizes a favor da castidade. Pois tal movimento não me espantaria mais do que o motim dos padres contra a própria.” “As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado”. “Qualquer indivíduo é mais importante que toda a Via Láctea.” “Os padres querem casar. Mas quem trai um celibato de 2 mil anos há de trair um casamento em quinze dias.” O interessante caro leitor, é que ambos os escritores eram apaixonados por suas mulheres. Jorge Amado por sua Zélia Gattai e Nelson Rodrigues por Elza Bretanha. Nelson morreu no dia 21 de dezembro de 1980 no Rio de Janeiro, no fim da tarde. Ele faria treze pontos na loteria esportiva em um “bolão” com o seu irmão Augusto e seus amigos do “O Globo”. Dois meses após morte, Elza cumpriu o pedido de ainda em vida: gravar o seu nome ao lado dele na lápide, sob a inscrição: “Unidos para além da vida e da morte. É só”. Luxúria na poesia Escolhi uma para representar as demais que falam do mesmo tema. É um poema da poetiza portuguesa Antônia Ruivo e se chama: Luxúria tu és rainha. * Luxúria tu és rainha: Luxúria erva daninha Do prazer és rainha A culpa não é tua É minha… Encontro-me nua E… crua Envolta na lua Prazeres carnais E outros que mais Luxúria, Estandarte em arrais Abres as portas Aos vícios mundanos Dos pobres humanos Insanos… Masturbação dos profanos Desvios morais Dos seres normais E, outros que tais Luxúria, Vendavais, em ais Tantos prazeres consensuais Nos pecados capitais… Antónia Ruivo Provérbio: Há um provérbio de um autor anônimo que trata a luxúria com muita particularidade. É para mim um hino de louvor à mulher e se chama: Não sei se é luxúria... mas... * Não sei se é luxúria... mas... Toda a mulher tem suas delícias... Cada parte de seu corpo tem um aroma inebriante... Não há fruta que tenha a pele mais macia... Não há pele que seja mais agradável ao toque do lábios que a da mulher... A mulher tem cabelos onde um homem poderia se perder eternamente sem nunca mais querer ser encontrado... O seu corpo tem o calor mais perfeito que conforta a alma... Seus olhos são jóias inestimáveis... Sua voz é um doce encanto, que embala os ouvidos mais brutos... Seus traços suaves e suas mãos delicadas são o desejo dos anjos... Deus não é homem, certamente Deus é mulher. Anseio pelo dia que possa me perder no mar de suas carícias. Ass. um humilde devoto. Um amigo querido, referendo-se à luxúria disse-me certa vez: “Se eu deixar de comete-la não sei se irei para o céu, pois terei que observar os outros seis pecados capitais. Por via de dúvidas, fico com a luxúria, pois é o único que me leva ao céu, aqui, ainda na terra”. Que heresia.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A GULA - DO LIVRO:OS SETE PECADOS CAPITAIS (2010) FERNANDO MARTINS FERREIRA

A Gula “A gula é uma fuga emotiva, um sinal de que alguma coisa nos está a devorar”. P. de Vries A gula é o excesso de comer, beber e tem como característica o engolir e não digerir, é também tudo aquilo que comemos depois de já estarmos satisfeitos. Na sua simbologia maior significa voracidade. O guloso come a toda hora e além do necessário. Para alguns o prazer de comer passa a ser um fim em si mesmo e tem nisso sua satisfação e se frustram quando a refeição não é suculenta e farta. A gula é às vezes irresistível pois não podemos nos esquecer de que o prazer oral é o primeiro prazer que experimentamos, pois é pela boca que trocamos com a mãe os primeiros contatos, que nos alimentamos para viver, que sentimos as primeiras emoções e que experimentamos sensações diversas. A gula portanto é compensatória, primitiva, e um recurso para abafar nossas frustrações. Nos traz a sensação de conforto, pois nos lembra a amamentação, o aconchego do seio materno. Segundo a escritura norte-americana, Francise Prose em seu livro “Gula”, de “todos os sete pecados capitais, a gula talvez tenha a história mais intrigante e paradoxal”. “As maneiras como o pecado tem sido encarado evoluíram de acordo com as obsessões mutantes da sociedade e da cultura”. – Realmente, pois na Roma Antiga a gula era considerada normal pois os romanos festeiros como eram, participavam às vezes de mais de uma festa por dia. Caso não se comesse a fartar-se seria considerado uma ofensa para o anfitrião. Existiam nas residências até mesmo a figura do vomitódromo, pois comiam, provocavam o vômito e comiam novamente. Isso era o usual. Diversos filmes de época retratam isso. Já no renascimento comer demasiadamente significava incorrer em uma idolatria que afastava as pessoas de Deus. Após a revolução industrial sucumbir a tentação da gula passou a ser sinal de prosperidade. O fato é que comer é necessário à sobrevivência então como estabelecer limites entre a alimentação ideal e a gula? Do “Verba Seniorum” (Sabedoria dos Antigos) nos vem uma lição: - “O abade pastor passeava com o monge de Sceta, quando foram convidados para comer. O dono da casa, honrado pela presença dos padres, mandou servir o que havia de melhor. Entretanto o monge estava no seu período de jejum. Quando a comida chegou, pegou uma ervilha e mastigou-a lentamente e nada mais comeu. Na saída, o abade pastor conversou com ele: - Irmão quando for visitar alguém, não torne a sua santidade uma ofensa. Da próxima vez que estiver em jejum, não aceite convites para jantar”. A igreja prega o comer sem prazer, evitando-se o culto dos sentidos que pode nos levar ao pecado. Conta-se que São Francisco de Assis colocava cinzas sobre a comida para eliminar qualquer vestígio de sabor. O ato de comer, o pecado foi levado tão a sério que as santas Catarina de Sena, Clara de Assis e Verônica, chegaram a ser advertidas pelos membros do clero por seus jejuns exagerados. Afirmavam esses, que elas podiam incorrer no pecado da soberba pelo “heroísmo” de tamanha penitência. A Bíblia em Eclesiástico 37: 32-34 nos adverte: “Não sejas ávido em banquete algum e não te lances sobre todos os pratos. Pois em muita comida entra a doença e a intemperança conduz à cólica. Pela gula insaciável muitos perecem quem porém, é sóbrio, prolonga a vida”. Sábia Bíblia, pois a gula é a porta aberta para a obesidade que nos traz doenças como hipertensão, doenças cardiovasculares, cérebro-vasculares, diminuição do HDL (colesterol bom), diabetes, infertilidade entre outras. Devemos dizer não à gula, ao desejo incontrolável por comida equilibrando-nos e nos impondo limites, assegurando o domínio da inteligência sobre os instintos e dominando assim nossas vontades e não sendo dominado por elas. Gula é o resultado final da baixo estima, insegurança, depressão e tristeza. Agora veja o caso a seguir: Na França existe uma associação denominada “Associação dos Assuntos da Gula”. Era liderada pelo que foi considerado o maior padeiro de todos os tempos Lionel Poilane (morto recentemente em um desastre de helicóptero). São afiliados dessa associação os grandes chefs da cozinha francesa e internacional, entre eles o famoso Paul Bocuse, escritores e celebridades. Pois bem, a associação, hoje liderada pela filha de Lionel encaminhou ao Papa João Paulo II uma petição para que ele retirasse a gula dos pecados capitais. Você caro leitor acredita que a igreja o retirará? Eu não.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A AVAREZA - DO LIVRO: "OS SETE PECADOS CAPITAIS"(2010)-FERNANDO MARTINS FERREIRA

A Avareza “O avarento é o mais leal depositário dos bens de seus herdeiros” Marquês de Marica A avareza simboliza o desejo desordenado pelos bens terrestres. Segundo o conceito cristão, o homem se preocupa em acumular bens que não consegue levar para o céu e que conduz à idolatria, por tratar algo como se fosse de Deus. E a cobiça dos bens materiais e dinheiro entende-se como a ambição por riquezas. É também o desejo veemente, intenso e violento de possuir algo. O avaro tem apego excessivo a alguma coisa levado pelo grande medo de faltar, é sinônimo de ganância ou seja, vontade exagerada de posse. Para o avaro, os bens materiais deixam se ser um meio para aquisição de bens e serviços para a satisfação de necessidades, mas um fim em si. No conceito popular é o muquirana, o pão duro, o sovina, o unha de fome, o mão de vaca, o Nhônhô Correia (personagem de uma novela da TV Globo). O personagem Tio Patinhas da Disney, personifica o quadro, se lembra dele? O “avarento” renega aos próprios desejos e necessidades para apenas ter uma possibilidade de gozar de fato, de poder assim possuir um pouco mais de dinheiro em sua conta bancária. Não liga a mínima para valores imateriais como cultura, arte, amor, inteligência, beleza, pois são elementos abstratos e não podem ser transformados em dinheiro. Não sabem apreciar, mas às vezes usam desses valores para se enriquecer um pouco mais. Veja o exemplo a seguir: Conta-se que nos alpes italianos existia um pequeno vilarejo que se dedicava à cultura de uvas para a produção de vinho. Uma vez por ano acontecia uma grande festa para comemorar o sucesso da colheita e se fazer novos negócios. Para lá se dirigiam comerciantes e exportadores de vinho da região. A tradição exigia que nesta festa cada morador do vilarejo trouxesse um garrafão do seu melhor vinho para colocar dentro de um grande barril que ficava na praça central. Assim todos se serviam do vinho, festejavam e faziam grandes negócios. Porém, um dos moradores pensou: “Por que deverei levar um garrafão do meu melhor vinho? Levarei água pois no meio de tanto vinho bom o meu não fará falta. Guardarei o meu e o venderei por um bom preço e assim aumentarei um pouco mais a minha fortuna”. Assim pensou e assim fez o avarento produtor. Conforme o costume, em determinado momento, todos se reuniram na praça, cada um com sua caneca, para provar aquele vinho, cuja fama se estendia muito além da fronteira do país. Contudo, ao abrir a torneira um absoluto silêncio tomou conta da multidão. Do barril saiu ... água! A ausência de minha parte não fará falta foi o pensamento de cada um dos produtores. O escritor Ralph Waldo Emerson, em “A conduta para vida”, diz sabiamente: - “Há homens nascidos para possuir e que sabem vivificar tudo que possuem. Outros não o sabem; a sua riqueza falta graça, parece um compromisso firmado com o seu caráter. Dir-se-ia que roubam os próprios dividendos. Deveriam possuir aqueles que sabem administrar, não os que acumulam e dissimulam, não aqueles que quanto mais possuem, mais mendicantes se mostram, porém aqueles cuja atividade da trabalho a maior número, abre caminho para todos”. Segundo São Tomás de Aquino, o grande filósofo cristão, a avareza possui sete filhos: a traição, a fraude, a mentira, o perjúrio, a inquietude, a violência e a dureza do coração. Segundo ele a avareza comporta atitudes, uma das quais é o excesso de apego ao que se tem, do qual procede a dureza do coração, o ser desumano que se opõe à misericórdia, porque evidentemente o avaro endurece o seu coração e não se vale de seu bens para socorrer misericordiosamente o próximo. Inquietude: na ânsia de amealhar bens, o homem se torna preocupado, desconfiado e inquieto. Violência: Pois na ânsia de amealhar bens alheios ele pode servir-se da força ou violência. E se ele engana alguém para lucrar, seria mentira e se essas palavras enganosas forem acompanhadas de juramento será perjúrio. Por amor ao dinheiro muitos praticam a mentira, a fraude. Quantos quilos que só possuem 900 gramas, quantos litros que só tem 980 ml, quantos produtos falsificados (combustível, entre tantos). Quanta trapaça, quanta enganação em nome da avareza. Todo avarento é pobre, vive sentado sobre o seu dinheiro, não gasta nada, passa até privações, não oferece nada a ninguém e guarda seus bens com a ferocidade de um animal selvagem. Ele com certeza é um infeliz pois vive eternamente em guarda, com medo de perder o seu rico dinheirinho ou outro bem que possui. Desconfia de tudo e de todos, achando que as pessoas se aproximam dele somente com a finalidade de extorquir-lhe algo. Não existe a avareza somente com bens e dinheiro, existem os avaros de carinho, de solidariedade, o avaro de amor, pois o avaro não conjuga e até mesmo odeia o verbo dar. O pecado da avareza não é uma prerrogativa dos ricos e endinheirados. Existem também os muitos pobres, avarentos de coração, secos, incapazes de um beijo, de um afago, muito menos de uma lágrima, pois esses gestos transmitem amor, e eles não sabem e têm medo de se doar. Pessoas que dão excessivo valor aos bens materiais precisam acreditar que são superiores para compensar um profundo complexo de inferioridade e crença na falta de sentido em que vivem. Para Carlos Heitor a avareza é: “O excesso de amor aos bens materiais. Nos dias atuais o neoliberalismo é avaro quando prega o lucro acima de tudo. É a avareza em estado exacerbado”.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"A PREGUIÇA" DO LIVRO "OS SETE PECADOS CAPITAIS" (2010)-FERNANDO MARTINS FERREIRA

A PREGUIÇA “A preguiça anda tão devagar que a miséria facilmente a alcança”. Benjamim Franklin A preguiça é definida como aversão ao trabalho, negligência, indolência, pachorra, moleza, morosidade e lentidão para fazer qualquer tarefa. O preguiçoso sente um aborrecimento natural pelo trabalho do dia-a-dia e tem um apego enorme ao descanso que o leva a imitir suas obrigações ou descuidá-las. O preguiçoso é na verdade uma pessoa que não gera expectativa e sempre desvia de qualquer culpa que possa recair sobre ele. É portanto, sempre liso, escorregadio, é aquela pessoa que deixa sempre suas tarefas, os seus afazeres, para depois. É adepto do desculpismo e justifica sua preguiça com desculpas esfarrapadas do tipo: – “Amanha eu faço” – passam-se os dias e ele é cobrado pelo que não fez e ele arranja mais desculpas. Existem outras: – “Não posso, estou sem tempo” – já reparou que o preguiçoso está sempre sem tempo? - “Não fiz porque não estou me sentindo bem”: Porque não procura um médico para se tratar? - “Durmo muito porque estou cansado”: Dorme dorme e nunca está descansado, sempre precisa dormir mais. - “Não fiz o relatório porque não deu tempo”: Não deu tempo porque empurrou a tarefa, porque é desorganizado e não administra o seu tempo. - “Nossa! Me esqueci completamente”: Esqueceu-se? Porque não anotou? - “Amanha farei essa arrumação”: Sempre amanhã, engana a si próprio. Note que o preguiçoso está sempre fazendo os outros esperar porque não se organiza e não tem respeito com as pessoas. Chega sempre atrasado aos compromissos sofrendo com isso admoestações diversas. Está sempre perdendo objetos, não sabe nunca onde deixou aquela chave, os óculos, um livro ou a carteira. Desorganizado que é, perde precioso tempo na busca dos objetos. Não é adepto do abriu-fechou, acendeu-apagou, sujou-limpou. Podemos dizer que a preguiça se subdivide em preguiça espiritual e preguiça corporal. A primeira é a falta de ânimo, de coragem para o cumprimento dos deveres religiosos na oração e o segundo é mesmo o desleixo de nossas obrigações corporais. Segundo o Budismo, a preguiça é um dos principais obstáculos ao despertar da nossa alma. Ela se manifesta de três maneiras: a) A preguiça do conforto, que nos faz permanecer sempre no mesmo lugar; b) A preguiça do coração quando nos sentimos desencorajados e desestimulados; c) A preguiça da amargura quando nada mais importa e já não somos parte deste mundo. Seja qual for a religião, a preguiça é algo que deve ser combatido e pode ter modificações psicológicas ou fisiológicas no indivíduo. Portanto, a pessoa acometida de preguiça necessita estudar as circunstancias em que se encontra e traçar objetivos de modo que seja conveniente para si e para os demais. O que pode causar a preguiça? - Frio: O corpo necessita de movimento para manter-se aquecido. - Noite mal dormida: O sono faz com que as pessoas tenham seus movimentos e raciocínios limitados. - Ambiente calmo: Estimulam a indisposição e dão sono. - Má alimentação: Não gera energia suficiente para o organismo e dá moleza e indisposição. - Acúmulo de serviço: Faz com que a pessoa adie suas responsabilidades. - Excesso de comida ou bebida: Provoca a moleza e o sono. E no que resulta a preguiça? - Em desânimo: A pessoa não tem atitude de mudar o comportamento - Em fracasso: A pessoa não tem vontade de realizar nada e se torna ultrapassado, não conseguindo “prosperar” na vida pessoal e profissional. - Em problemas de saúde: Quem não se movimenta tem mais chances de contrair doenças. - Em necessidades: Aquele que não trabalha necessita de outros para manter suas atividades. A preguiça no entanto, pode ser contornada se o indivíduo procurar ter uma vida mais saudável de modo a melhorar sua indisposição através de uma alimentação adequada. É recomendável também a mudança de hábitos trocando-os por outros que lhe tragam maior satisfação além de organizar melhor o seu tempo, o espaço onde vive e a vida. Enfim, procurar coisas que dê satisfações e mais sentido à vida. O escritor espiritualista Divaldo Franco em seu livro “Conflitos Existenciais” recomenda contra a preguiça: a) Exercício, movimentação, afim de preservar a própria estrutura física, b) Exercitar a mente com pensamentos saudáveis, c) Pensar é uma benção. Auxilia a capacidade do raciocínio afim de elaborar projetos que mantenham o entusiasmo e a alegria de viver, d) Terapia para a preguiça, e) Interrogar-se por que estou sofrendo? Até quando suportarei essa situação? O despertar terapêutico, segundo Divaldo Franco, começa a surgir com a vergonha pelo estado que se encontra, dando início ao labor de renovação interna. Surge então, o natural desejo para a recuperação passando a ver a preguiça como enfadonha e monótona. Conta uma história da tradição oral que: Assim que morreu, José encontrou-se num belíssimo lugar rodeado de conforto e beleza. Um sujeito vestido de branco aproximou-se dele e disse: - “José, você tem o direito de pedir o que quiser: Qualquer alimento, prazer ou diversão”. Encantado, José aproveitou e fez tudo o que queria fazer durante a vida e não fez. Bebidas, mulheres lindas, festas intermináveis e jogos. A vida lhe sorria de domingo a domingo, mas acontece que até dos excessos de prazeres, o homem se cansa. E depois de muitos anos, procurou o sujeito de branco: - Já experimentei tudo o que tinha vontade, disse. - Preciso agora de um trabalho, o menor que seja, para me sentir útil. - Sinto muito – Disse o sujeito de branco – mas esta é a única coisa que não posso conseguir. Aqui não há trabalho. - Que isso? – gritou surpreso o José – Passar a eternidade morrendo de tédio? Está louco? Não quero. Prefiro mil vezes estar no inferno. O homem de branco aproximou-se e disse em voz baixa: - E onde o senhor pensa que está? Não devemos, no entanto, confundirmos repouso com preguiça. O repouso é necessário e é o momento em que se processa o importante trabalho do armazenamento da força vital dentro de nós.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

A PREGUIÇA - DO LIVRO ''OS SETE PECADOS CAPITAIS" DE FERNANDO MARTINS FERREIRA

“A preguiça anda tão devagar que a miséria facilmente a alcança”. Benjamim Franklin A preguiça é definida como aversão ao trabalho, negligência, indolência, pachorra, moleza, morosidade e lentidão para fazer qualquer tarefa. O preguiçoso sente um aborrecimento natural pelo trabalho do dia-a-dia e tem um apego enorme ao descanso que o leva a imitir suas obrigações ou descuidá-las. O preguiçoso é na verdade uma pessoa que não gera expectativa e sempre desvia de qualquer culpa que possa recair sobre ele. É portanto, sempre liso, escorregadio, é aquela pessoa que deixa sempre suas tarefas, os seus afazeres, para depois. É adepto do desculpismo e justifica sua preguiça com desculpas esfarrapadas do tipo: – “Amanha eu faço” – passam-se os dias e ele é cobrado pelo que não fez e ele arranja mais desculpas. Existem outras: – “Não posso, estou sem tempo” – já reparou que o preguiçoso está sempre sem tempo? - “Não fiz porque não estou me sentindo bem”: Porque não procura um médico para se tratar? - “Durmo muito porque estou cansado”: Dorme dorme e nunca está descansado, sempre precisa dormir mais. - “Não fiz o relatório porque não deu tempo”: Não deu tempo porque empurrou a tarefa, porque é desorganizado e não administra o seu tempo. - “Nossa! Me esqueci completamente”: Esqueceu-se? Porque não anotou? - “Amanha farei essa arrumação”: Sempre amanhã, engana a si próprio. Note que o preguiçoso está sempre fazendo os outros esperar porque não se organiza e não tem respeito com as pessoas. Chega sempre atrasado aos compromissos sofrendo com isso admoestações diversas. Está sempre perdendo objetos, não sabe nunca onde deixou aquela chave, os óculos, um livro ou a carteira. Desorganizado que é, perde precioso tempo na busca dos objetos. Não é adepto do abriu-fechou, acendeu-apagou, sujou-limpou. Podemos dizer que a preguiça se subdivide em preguiça espiritual e preguiça corporal. A primeira é a falta de ânimo, de coragem para o cumprimento dos deveres religiosos na oração e o segundo é mesmo o desleixo de nossas obrigações corporais. Segundo o Budismo, a preguiça é um dos principais obstáculos ao despertar da nossa alma. Ela se manifesta de três maneiras: a) A preguiça do conforto, que nos faz permanecer sempre no mesmo lugar; b) A preguiça do coração quando nos sentimos desencorajados e desestimulados; c) A preguiça da amargura quando nada mais importa e já não somos parte deste mundo. Seja qual for a religião, a preguiça é algo que deve ser combatido e pode ter modificações psicológicas ou fisiológicas no indivíduo. Portanto, a pessoa acometida de preguiça necessita estudar as circunstancias em que se encontra e traçar objetivos de modo que seja conveniente para si e para os demais. O que pode causar a preguiça? - Frio: O corpo necessita de movimento para manter-se aquecido. - Noite mal dormida: O sono faz com que as pessoas tenham seus movimentos e raciocínios limitados. - Ambiente calmo: Estimulam a indisposição e dão sono. - Má alimentação: Não gera energia suficiente para o organismo e dá moleza e indisposição. - Acúmulo de serviço: Faz com que a pessoa adie suas responsabilidades. - Excesso de comida ou bebida: Provoca a moleza e o sono. E no que resulta a preguiça? - Em desânimo: A pessoa não tem atitude de mudar o comportamento - Em fracasso: A pessoa não tem vontade de realizar nada e se torna ultrapassado, não conseguindo “prosperar” na vida pessoal e profissional. - Em problemas de saúde: Quem não se movimenta tem mais chances de contrair doenças. - Em necessidades: Aquele que não trabalha necessita de outros para manter suas atividades. A preguiça no entanto, pode ser contornada se o indivíduo procurar ter uma vida mais saudável de modo a melhorar sua indisposição através de uma alimentação adequada. É recomendável também a mudança de hábitos trocando-os por outros que lhe tragam maior satisfação além de organizar melhor o seu tempo, o espaço onde vive e a vida. Enfim, procurar coisas que dê satisfações e mais sentido à vida. O escritor espiritualista Divaldo Franco em seu livro “Conflitos Existenciais” recomenda contra a preguiça: a) Exercício, movimentação, afim de preservar a própria estrutura física, b) Exercitar a mente com pensamentos saudáveis, c) Pensar é uma benção. Auxilia a capacidade do raciocínio afim de elaborar projetos que mantenham o entusiasmo e a alegria de viver, d) Terapia para a preguiça, e) Interrogar-se por que estou sofrendo? Até quando suportarei essa situação? O despertar terapêutico, segundo Divaldo Franco, começa a surgir com a vergonha pelo estado que se encontra, dando início ao labor de renovação interna. Surge então, o natural desejo para a recuperação passando a ver a preguiça como enfadonha e monótona. Conta uma história da tradição oral que: Assim que morreu, José encontrou-se num belíssimo lugar rodeado de conforto e beleza. Um sujeito vestido de branco aproximou-se dele e disse: - “José, você tem o direito de pedir o que quiser: Qualquer alimento, prazer ou diversão”. Encantado, José aproveitou e fez tudo o que queria fazer durante a vida e não fez. Bebidas, mulheres lindas, festas intermináveis e jogos. A vida lhe sorria de domingo a domingo, mas acontece que até dos excessos de prazeres, o homem se cansa. E depois de muitos anos, procurou o sujeito de branco: - Já experimentei tudo o que tinha vontade, disse. - Preciso agora de um trabalho, o menor que seja, para me sentir útil. - Sinto muito – Disse o sujeito de branco – mas esta é a única coisa que não posso conseguir. Aqui não há trabalho. - Que isso? – gritou surpreso o José – Passar a eternidade morrendo de tédio? Está louco? Não quero. Prefiro mil vezes estar no inferno. O homem de branco aproximou-se e disse em voz baixa: - E onde o senhor pensa que está? Não devemos, no entanto, confundirmos repouso com preguiça. O repouso é necessário e é o momento em que se processa o importante trabalho do armazenamento da força vital dentro de nós.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

VAI SAIR HOJE? TEXTO DO ESCRITOR FLAVIO MARCUS DA SILVA

Vai sair hoje? O ano era 1987. O local, o pátio de um colégio cinzento, onde adolescentes jogavam bola,conversavam ou ficavam parados, em silêncio, ao redor das quadras de vôlei, peteca efutebol, esperando terminar o horário da Educação Física. O tempo não passava naquelecolégio. Cada aula parecia durar uma eternidade, e quando o último sinal tocava, eu ia embora, feliz da vida, pensando: “Agora eu vou fazer o que eu gosto”. Mas no pátio daquele colégio triste, numa manhã de quinta-feira do ano de 1987, uma adolescente baixinha perguntou à sua colega: “Você vai no BEB&RANGO no final de semana?” E a outra respondeu: “Acho que vou”. As duas tinham doze anos e já “saíam”. Sair. Este era o verbo mais chique daquele pátio, pois significava “Eu aproveito a vida, sou importante, faço parte da sociedade”: “Eu saio”. E no BEB&RANGO, ao final da tarde(não sei se de sábado ou de domingo), aquelas meninas ficavam andando pra lá e pra cá, de narizes empinados, rindo e conversando com os garotos mais velhos, de 16, 17 ou 18 anos, se achando o máximo dos máximos. Aos 12 anos eu não saía. Nem aos 13. Nem aos 14. Até o início da década de 90 eu praticamente não existia para o mundo exterior, somente para a minha família, que às vezes se preocupava com o fato de eu ser tão introspectivo, tão mergulhado em meu mundo interior: este sim maravilhosamente turbulento e confuso, cheio de cores, ao contrário do universo desbotado e distante daquele colégio e daquele bar tão popular em Pará de Minas na segunda metade da década de 80. Não sair significava não existir, não viver. “Você não sai, não aproveita a vida”, costumavam dizer. Eu ouvia isso, mas não entendia, porque eu vivia e aproveitava a vida intensamente, do meu jeito. Meu maior prazer, quando eu me via livre daquelas aulas insuportáveis, era a leitura. Eu praticamente lia um livro por tarde, deitado no grande sofá da sala de visitas da minha casa, sem ninguém para me incomodar. Eu me desligava do mundo exterior e mergulhava nas histórias com um prazer imenso, avassalador. Eu sentia minha alma pulsar, agradecendo aquelas palavras e frases que me conduziam por cenários incríveis, em histórias emocionantes, contadas por mestres como Marcos Rey, Lúcia Machado de Almeida, Stella Carr, Júlio Verne e Agatha Christie. E no início dos anos 90, quando eu descobri autores como Rubem Fonseca e Edgar Allan Poe, e me recusava a trocá-los por uma saída no Geraldinho sábado à noite, a pressão paraeu sair aumentou, porque eu TINHA que beber, TINHA que ficar com as meninas e provar um monte de coisas para um monte de gente. E eu saía. E era como voltar àquele colégio e ter que assistir sem vontade àquelas aulas inúteis de Danças e Teatros, Educação Moral e Cívica, História e Português. Cheguei até a ficar com algumas meninas, mas quando isso é feito apenas para cumprir uma obrigação social, é ruim, não dá prazer. Isso acontecia no antigo Bar do Geraldinho, na rua Coronel Domingos, onde a juventude se encontrava pra ficar parada na rua e nos passeios bebendo em pé e vendo os carros passarem cantando pneu e fazendo fumaça com o som no talo: mais ou menos o que acontece hoje no Stop & Shop na sexta à noite. Quando eu sentia que minha obrigação tinha sido cumprida, eu saía de fininho, e ainda aproveitava um restinho da noite em casa, assistindo a alguns programas e filmes da madrugada. Com relação a isso, minhas angústias só terminaram em 1992, quando eu comecei a namorar uma menina mais velha, na CEDAF, em Florestal, onde a gente estudava (eu tinha 16 e ela 26), e ela me apresentou à obra do escritor anarquista Roberto Freire, que mudou a minha vida: Cleo e Daniel, Ame e dê vexame, Sem tesão não há solução e Coiote, livros que me mostraram a beleza de ser aquilo que você realmente é, de corpo e alma, sem se preocupar com o que os outros pensam de você. Em 92 e 93 participei de palestras e oficinas do grupo SOMA, fundado pelo próprio Roberto Freire, e aprendi a me conhecer melhor e a valorizar mais minha originalidade única, ligada ao meu prazer de ser e estar no mundo. Minha vida melhorou muito depois disso, mas hoje penso que a utopia anarquista de uma sociedade totalmente livre de qualquer forma de poder e opressão é um sonho impossível. Somos escravos de uma série de convenções e regras sociais, que nos impedem muitas vezes de sentir o verdadeiro prazer de existir. Tais regras são tão implacáveis, que a gente acaba criando para nós uma felicidade artificial, baseada em coisas efêmeras, como “ter aquele carro”, “ter aquele notebook”, “ter aquele cargo”, “ter aquele apartamento”, “ter aquela aposentadoria”, “ter aquele corpo sarado”, “ter aquela mulher gostosa”, “ter aquela mulher rica”, etc., enquanto a nossa originalidade única, a nossa natureza e o nosso prazer (autêntico, verdadeiro) vão ficando em segundo plano, até desaparecerem quase por completo sob o peso da ideologia burguesa e de sua frase mais emblemática: “O importante não é fazer o que se gosta, mas gostar do que se faz”. Só que a gente raramente se dá conta de que esse último “gostar” da frase é, muitas vezes, uma criação artificial, que apaga o nosso ser verdadeiro, o nosso tesão de existir. Prefiro a frase do Caetano: “Um porto alegre é melhor que um porto seguro para essa nossa viagem no escuro”. QUEM É FLÁVIO MARCUS DA SILVA Nascido em Pará de Minas- MG em 1975. Possui graduação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997) e doutorado pela Universidade federal de Minas Gerais (2002) com estágio (Doutorado- sanduíche/CAPES) na Universidade de Lisboa- Portugal (2002). Atualmente é Vice- diretor da Faculdade de Pará de Minas- FAPAM-(MG) onde já exerceu os cargos de Coordenador do Curso de História, coordenador do NUPE- Núcleo de Pesquisa, e foi professor nos cursos de História e Administração. Atualmente leciona nos cursos de Direito e Pedagogia. É autor do livro SUBSISTENCIA E PODER: a política do abastecimento alimentar nas Minas Setecentistas (Editora UFMG -2008) e de artigos publicados em periódicos e livros de História. Um de seus trabalhos foi publicado no livro HISTÓRIA DE MINAS GERAIS- As Minas Setecentistas (Editora Autentica 2007) obra vencedora do PREMIO JABUTI 2008 na categoria Ciências Humanas. Atualmente exerce também a função de Pesquisador Institucional da Faculdade de Pará de Minas junto ao Ministério da Educação, sendo responsável pelo acompanhamento dos processos e renovação de reconhecimento dos cursos de graduação da IES. Em 2009 foi eleito para a Academia de Letras de Pará de Minas. www.nwm.com.br/fms

terça-feira, 7 de agosto de 2012

A IRA - DO LIVRO: OS SETE PECADOS CAPITAIS(2010)-FERNANDO MARTINS FERREIRA

A Ira “A ira começa com o desatino e acaba com o arrependimento”. Hasdai Diz o dicionário que a ira é o intenso e descontrolado sentimento de raiva, ódio, zanga, indignação, desejo de vingança, paixão desenfreada que nos incita contra alguém ou algo. Esses sentimentos estão estritamente associados à desonra, brigas e desavenças de toda a espécie. É preciso distinguir entre ira e cólera, raiva e ódio. O ódio e a raiva de certa forma são a ira reprimida e são emoções destrutivas. A ira provoca maus pensamentos fazendo com que muitas vezes façam acusações injustas gerando com isso brigas e desavenças. Na verdade por baixo de toda a ira quase sempre detectamos medo. O medo de errar, de expressar, de perder espaço, enfim, ao invés de parar, pensar ou até mesmo temer, as pessoas atacam para se defender. Cada um de nós, se analisarmos com cuidado, já tivemos um tempo de ira e se pensarmos bem podemos cultivá-la dentro de nossa casa assistindo a filmes de extrema violência e crueldade, de heróis sanguinários que matam centenas de pessoas para vingar ofensas e injustiças. Nós e nossos filhos vamos dessa forma nos programando para reagir e as vezes somos levados ao arrebatamento que se traduz em berros e desaforos. Não se iluda, caro leitor, a inquietação é a variação do temor, do medo e ela também destrói a saúde física, a paz espiritual provocando conflitos. A Bíblia nos ensina: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira” (Efésios, 4;26). Já em Provérbios 22, versículos 24 e 25 temos: “Não te associe-se com o iracundo, nem andes com o homem colérico, para que não aprendas as suas veredas e assim enlaces a tua alma”. Iracundo é aquela pessoa de cara amarrada, fechada que não esboça sequer um sorriso, que parece estar chupando limão dia e noite. É com certeza um ser azedo. Se dorme durante o dia, acorda mau humorado e com três pedras na mão e se não dorme, fica mau humorado por isso. Essas pessoas, sinceramente, me aborrecem e me cansam. Fazem como dizia Oduvaldo Viana Filho: “Do medo de viver um espetáculo de coragem”. Estão sempre em posição de combate vendo o mundo como adversário. Não olham para frente, vivem lutando contra quimeras, falta lhes o equilíbrio, bom senso e serenidade. A ira atenta contra os outros mas pode voltar-se, contra aquele que deixa o ódio plantar semente em seu coração. Existe o registro que em 1879, o professor Gates da Universidade de Harward nos Estados Unidos, apresentou os resultados de um experimento sobre os liquefeitos obtidos pela condensação do ar expelido pelos pulmões de um paciente. O seu experimento constituiu em introduzir um tubo de borracha na boca do paciente colocando a outra extremidade desse tubo dentro de um liquido químico que continha uma mistura de um iodeto com outra substância. O tubo de borracha foi resfriado de tal modo que o ar que saísse dos pulmões se condensasse ao passar por ele (o ar era mais quente) e pingasse dentro do líquido químico. Enquanto o paciente estava calmo e feliz, não houve nenhuma alteração no líquido químico, entretanto, quando foi provocada uma ira repentina no paciente, formou-se um precipitado de cor castanha dentro do recipiente com a mistura química. Dando sequência ao experimento, o professor Gates injetou o sumo obtido em pessoas e animais e constatou surpreso que eles ficavam excitados e nervosos. Comprovou assim que a ira produz substancias tóxicas ao organismo, as quais são expelidas até pela respiração e se essas toxinas passam pelos pulmões, é certo que causam danos a eles. Podemos comparar a toxina produzida pelo organismo humano nos momentos de ira ou de temor ao veneno que a cobra cascavel expele das presas quando ataca a vítima. Só que a cascavel possui uma bolsa para armazenar esse veneno, o qual é eliminado do organismo, enquanto no corpo humano não existem reservatórios desse tipo. Logo, no homem a toxina formada pela ira ou temor acaba circulando por todo organismo, prejudicando a si próprio. Veja o seguinte exemplo: Desde a infância Martim Luther King sofreu os rigores da discriminação racial. Seu filho Martim Luther King Jr. abraçou sua causa em favor dos direitos civis dos negros e foi assassinado em 1968. Um ano depois outro filho de King morreu afogado em uma piscina. Em 1974, novo golpe, sua esposa foi abatida por uma saraivada de tiros, disparado por um jovem enquanto tocava piano em pleno culto de sua igreja. Em 1984, perto de morrer aos 84 anos o velho King disse: - “Há dois homens que eu deveria odiar. Um deles é branco e o outro é negro, e os dois estão cumprindo pena por homicídio. Não odeio nenhum dos dois, não há tempo para isso, também não há razão. Nada pode rebaixar tanto um homem quanto ele se permitir decair a ponto de odiar alguém”. Como temos que exercitar a serenidade e o perdão! O interessante é que mesmo após 2000 anos da vinda do mestre dos mestres que nos ensinou a serenidade, o perdão e o amor incondicional não conseguimos fazer isso naturalmente. Porque ainda então sentimos que nossa raiva é desproporcional, a reação é desproporcional? Por que sentimos às vezes tão sensíveis a hostilidade humana a ponto de qualquer sinal da pessoa com a qual estamos interagindo ficamos alerta de sobre aviso como uma fera? Às vezes basta um olhar ou o tom de voz, um gesto para que reajamos e nos tornemos agressivos, para que a ira se manifeste. Nos sentimos agressivos, temos enorme dificuldade em perdoar o agressor. A única maneira de invertermos essa poderosa força negativa é com certeza buscarmos desenvolver virtudes de temperança e paciência.

terça-feira, 31 de julho de 2012

A INVEJA -DO LIVRO OS SETE PECADOS CAPITAIS (2010) FERNANDO MARTINS FERREIRA

“A inveja não é quereres o que o outro tem (isso é Cobiça), mas querer que ele não tenha. É essa a grande tragédia do invejoso”. Zuenir Ventura Podemos definir a inveja como um misto de raiva, ódio e desgosto provocado pela prosperidade ou alegria de outro. Ela é a antítese da caridade e simboliza o descontentamento em relação aos bens alheios. O alvo dos invejosos são as pessoas de vontade fraca, indecisos, medrosos, superticiosos, que não se julgam merecedores da felicidade de estar aqui na terra. O fortalecimento interior é a melhor arma contra os invejosos. A inveja é uma das emoções mais primitiva e negada por todos. Invejoso eu? Jamais!... A inveja não é só a tristeza pelo bem alheio mas a alegria do mal do outro. É um sentimento pequeno de inferioridade, às vezes, inconscientemente. Ao nos sentirmos menores do que o outro, nos aumentamos, nos vangloriamos, nos enaltecemos para evitar o mal estar do desequilíbrio. Quando criticamos, diminuímos, ofendemos e temos a necessidade de falar mal de alguma pessoa, com certeza estamos nos sentindo inferiores à ela. Na fábula de La Fontaine, (adaptada), uma rã viu um touro que tinha boa estatura. Ela, que era pequena e invejosa, começou a inflar-se para igualar-se ao touro em tamanho. Depois de algum tempo perguntou à irmãzinha: - Olhe-me, é o bastante? Estou do tamanho do touro? - De jeito nenhum. - E agora? - De modo algum. Você nem se aproxima dele. O animal invejoso continuou inflando até estourar e morrer. A inveja definitivamente não nos leva a lugar algum. Mas o que dizer do “olho gordo” tão afamado? Pois o “olho gordo” é outro nome da inveja. Popularmente o olho gordo é um olho que atrapalha, faz mal, danifica. O “olho gordo” ou o mau olhado nada mais é do que a “canalização” através dos olhos de uma energia interna gerada pelo desejo intenso de possuir o que é dos outros. Os possuidores do “olho gordo” são pessoas em permanente estado de descontentamento e que tem complexo de inferioridade mesmo que disfarçado, camuflado, uma vez que não se julgam capazes de conseguir por si mesmos o objeto da cobiça, com certeza são vampiros de energia. Esse tipo de sentimento existe, está aí, não adianta negarmos. A inveja é capaz de contaminar, sabotar o ambiente. É aquela história da grama do vizinho ser sempre mais verde do que a nossa. O povo brasileiro, mais do que nenhum povo do mundo, acredita em mau olhado ou olho gordo. Se não fosse assim, como se explicaria o número de figas, patuás, escapulários, bentinhos e fitas, ou o banho de mar e as oferendas no final do ano? Nossas praias ficam lotadas de gente. Isso é fruto de nossas raízes africanas. Quantas vezes ouvimos dizer ou até mesmo dizemos: “Aquela pessoa não tem o olhar bom tem o olhar de seca pimenteira”. Já vimos até um quadro humorístico na TV, com grande sucesso, cujo personagem era o Z(s)eca Pimenteira. Tudo que ele admirava, desejava, morria, explodia, e secava para o desgosto do dono do objeto desejado. O psicanalista Alberto Godim faz três divisões da inveja: 1 – Inveja Sublimada: A pessoa admite seus limites, aproveita o talento dos outros. Ela entende o mérito alheio e aceita que existam diferenças segundo os momentos da vida. 2 – Inveja Neurótica: A pessoa vive dominada por sentimentos invejosos, mas não é necessariamente uma má pessoa. É a principal vítima de sua inveja. É amargo, mal humorado e deprimido. 3 – Inveja Perversa: É o invejoso destrutivo. Vive para bloquear todas as expressões da criatividade, de beleza, ou de talento que aparecem em sua frente. Acaba bloqueando o seu próprio caminho pelos inimigos que reúne durante a vida. Em geral, esta pessoa é fruto do desamor. Geralmente são pessoas que não amam e não têm capacidade de amar. Os invejosos mais comuns são: • O Fofoqueiro: Fala mal daquele por quem sente inveja. • O Bajulador: “Puxa o saco” de quem sente inveja. • O Falso Amigo: Sente inveja, mas finge que é amigo. • O Cego: Nunca acha que é invejoso. • A Vítima: Sente inveja, mas fica se desvalorizando. Acha que o mundo está contra ele. O mundo sempre lhe deve algo. É o famoso “coitadinho”. Já para o escritor e espiritualista André Montovanni: “O mau olhado é um olhar ardiloso e sombrio de alguém sobre uma pessoa ou situação. E a inveja não é tão fatal como as pessoas imaginam, pois só entram no jogo os que estiverem na mesma sintonia dessa inveja”. Continua Montovanni: “O ser humano tem sentimentos diversos e alguma vez na vida os indivíduos sentirão inveja de algo ou de alguém”. “O que podemos fazer é transformar a inveja em combustível positivo para realizar nossos ideais, ou seja, em vez de desejar o mal dos outros ou se fazer de coitado, isso pode ser um estímulo para ir à luta, ao sol. O que ajuda muito é sempre aplaudirmos o sucesso das pessoas que nos cercam, utilizar esses exemplos de realização para correr atrás de nossa felicidade”, afirma Montovanni. Segundo ainda ele, sabemos quando alguém está tentando nos sabotar. Nosso coração diz, pois sentimos uma leve desconfiança aparentemente sem motivo. Se isso ocorrer, preste atenção, ali pode ter algo. Você caro leitor, pode não acreditar, mas por via das dúvidas, não é bom facilitar e abaixo segue uma lista de plantas usadas contra a inveja, olho gordo, mau olhado, etc. • Arruda: Defende o ambiente. • Alecrim: Protege das energias negativas e traz alegrias e sorte. • Espada de São Jorge: Corta os efeitos do olho gordo. • Pimenteira: Segura as coisas ruins e raiva. • Guiné: Segura e transforma a negatividade. • Comigo ninguém pode: Protege o material. • Manjericão: Protege os moradores. Eu não sei quanto a você, mas com relação a mim: “Yo no crejo em las brujas, pero que las hay, las hay”.(Eu não creio em bruxas, mas elas existem, elas existem)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A SOBERBA- DO LIVRO: OS SETE PECADOS CAPITAIS-FERNANDO MARTINS FERREIRA

A Soberba “Um homem orgulhoso está sempre olhando para baixo sobre casos e pessoas, e naturalmente enquanto você estiver olhando para baixo, você não pode ver algo que está acima de você”. C. S. Lewis A soberba é caracterizada pela falta de humildade de uma pessoa, alguém que se acha auto-suficiente, altivo, presunçoso, sobranceiro. A soberba leva o homem a desprezar os superiores e desobedecer às leis porque se acha acima delas. É considerado o pecado maior porque dele se origina os demais. Mostra-se normalmente de três formas: a) O soberbo mostra-se ufano das qualidades que tem. b) Atribui-se dotes que não possui. c) Rebaixa as vantagens dos outros. A soberba tem também três filhos diletos: A ambição, a presunção e a vanglória.  A ambição é o desejo descomedido de glórias, honras, fortunas, poder, etc. O ambicioso anda sempre atrás de posição de destaque e de dignidades. São aqueles que apreciam o primeiro lugar em quaisquer lugares que frequentam, seja no teatro, na igreja, nos restaurantes, etc.  A Presunção é a demasiada confiança em si próprio. Presunção e ambição normalmente fazem par. O presunçoso exagera seus talentos, julga-se preparado para assumir qualquer cargo. Se mete em negócios e empregos altos, quase sempre lhes faltam habilidade e competência. Desconhece a palavra auto-crítica.  A Vanglória é a mania de se envaidecer por predicados mais brilhantes e espalhafatosos do que reais. É o famoso “bom-da-boca”. Gaba-se da estirpe nobre, da linguagem ilustre, do local onde mora, da roupa de grife, ou pelo automóvel importado. Baba-se todo por um elogio, suplica-o, e quando não consegue trata de se auto-elogiar. Não aprecia os companheiros nem se importa com eles e por isso conta o que fez e o que não faz. Também é chamado popularmente de faroleiro. Hipocrisia é um filhotinho da vanglória, pois as felicitações que os gabolas se outorgam com suas palavras, o hipócrita quer granjeá-los por seus atos fictícios e suas virtudes falsas. O soberbo adora a ostentação, o supérfluo e o prazer, gosta de ser melhor que os outros, de aparecer sempre, detesta competições. Sua máxima é: se não pode vencê-lo, diminui-o, ridiculariza-o, de preferência na surdina, sente-se o centro do mundo e acha que fora do seu umbigo, “centro gravitacional”, não existe louvação. Ele vive apaixonado por si mesmo, gosta de platéia, de se mostrar, normalmente fala alto, quer despertar inveja e admiração. Engana-se quem pensa que só os ricos e abastados são soberbos. Existe também a figura do pobre soberbo, aquele que não aceita ajuda, que quer ostentar sua miséria com ufanismo para ser admirado pelos outros e citado como exemplo. São os falsos humildes. Já vimos que o demônio da soberba é Lúcifer, o anjo decaído. Não foi ele que tentou Cristo no deserto? “Tudo isto te darei, se me adorares”! Não é isso o que o soberbo deseja? Adoração! A soberba tem também três parceiras inseparáveis e elas são: a vaidade, a arrogância e o orgulho. Veremos através de conhecidas parábolas como elas se comportam. Vaidade Um corvo empoleirou-se sobre uma árvore e, segurava no bico um pedaço de queijo. Uma raposa, atraída pelo cheiro, dirigiu-lhe as seguintes palavras: - Olá, doutor corvo. Como o senhor é lindo, como o senhor me parece belo! Que bela plumagem negra que tanto reluz ao sol! Sem mentira, se a sua voz se assemelha à sua imagem, então o senhor será o fênix dos habitantes destes bosques. Meu Deus, como você é lindo! Diante dessas palavras o corvo não se cabendo de tão contente para mostrar sua bela voz abriu o grande bico e deixou cair o queijo. A raposa mais do que depressa apoderou-se dele e disse: - Meu caro senhor, aprenda que todo bajulador vive à custa de quem lhe dá ouvidos. Vive à custa do vaidoso. Esta lição sem dúvida, vale um pedaço de queijo. O corvo envergonhado e confuso jurou que ele não mais cairia nessa. A fábula adaptada de La Fontaine nos mostra que umas das coisas que mais colocam o ser humano em situação ridícula é a vaidade. Como ela é traiçoeira e se veste de glamour, de brilho e inebria aquele que não teve a capacidade de fazer a sua autocrítica ao perceber o elogio de sua beleza, inteligência, empreendedorismo. Quando o ser humano sente o desejo imoderado de atrair para si a admiração e homenagem foi com certeza dominado pela vaidade. Dispamo-nos dela então para não incorrermos no ridículo. Aquele que se deixa encantar pelos elogios que recebe é com certeza uma pessoa extremamente frágil. A pessoa inteligente não se deixa levar por elogios baratos, prefere sempre uma crítica honesta, que venha com a intenção de trazer a perfeição. O tolo vaidoso sempre se deixa levar pela lisonja a sua inteligência, beleza, sabedoria ou riqueza. Não vê que os mesmos que o elogiam gratuitamente são os que zombam pelas costas de sua mediocridade e tolice. Lembremo-nos de que a matéria, toda ela é perecível, até mesmo o nosso corpo, invólucro de nossa alma imortal, nessa vida tão curta. Um dia ele acabará como tudo mais, só a alma permanecerá. Portanto, não exagere no falar, no agir, no vestir, enfim, no se expor para não cair em algum extremo, pois qualquer que seja ele é perigoso. Não se diz que a virtude está no meio e não nos extremos? Existe porém uma vaidade que pode ser considerada pior que as demais, a vaidade espiritual. Sim, pior, pois quem a detém é possuidor do conhecimento das coisas do espírito e tem plena consciência de que comete erro grave, erra portanto duas vezes. O resultado pode ser nefasto, temos vários exemplos mas por ética não devem ser mencionados. Deus que conhece seus filhos sabe quando a oração, a caridade ou outros atos praticados em “seu nome” são realizados com o coração. Se desejarmos alçar vôos maiores na busca da evolução espiritual, razão única de estarmos aqui no planeta terra devemos nos despir de toda a vaidade e lembrarmo-nos sempre de que não nascemos em vão. Arrogância Conta-se que o diálogo é verídico e foi travado em outubro de 1995 entre um navio da marinha norte-americana e as autoridades costeiras do Canadá próximo ao litoral de New Foudland. Os americanos começaram na maciota: - Favor alterar o seu curso 15 graus para o norte para evitar colisão com nossa embarcação. Os canadenses responderam de pronto: - Recomendo mudar o seu curso 15 graus para o sul. O americano ficou mordido de raiva. - Aqui é o capitão de um navio da marinha americana. Repito, mude o seu curso. Mas o canadense insistiu secamente: - Não. Mude o seu curso atual. A coisa começou a ficar feia. O capitão americano berrou ao microfone. - Este é o porta-aviões USS Lincoln, o segundo maior navio da frota americana no Atlântico. Estamos acompanhados de três destróieres, três fragatas e numerosos navios de suporte. Eu exijo que vocês mudem o curso 15 graus para o norte, ou então tomaremos medidas para garantir a segurança do navio! E o canadense respondeu: - Faça o que quiser. Aqui é um farol! Moral da história! Às vezes a arrogância nos faz cegos. Quantas vezes criticamos a ação dos outros, quantas vezes exigimos mudanças de comportamento nas pessoas que vivem perto de nós, enquanto que na verdade nós é que deveríamos mudar o rumo de nossa vida. Orgulho Conta-se que havia um rei na Espanha que orgulhava muito de sua linguagem, e que era conhecido por sua extrema crueldade com os mais fracos e pobres. Certa vez caminhava com sua comitiva por um campo de seu reino, onde anos atrás havia perdido seu pai em uma batalha. Ali encontrou um homem santo remexendo uma pilha de ossos. - O que fazes aí, oh infeliz? – Disse o rei. - Honrando vossa majestade. – Disse o homem. – Quando soube que o grande rei da Espanha vinha aqui, resolvi recolher os ossos de vosso falecido pai para entregar-lhos. Entretanto, por mais que os procure não consigo achá-los, eles são iguais aos ossos de camponeses pobres, mendigos e escravos. Moral da história! Quando Deus criou o homem não fez distinção entre negros e brancos, ricos e pobres, sábios e ignorantes, feios e bonitos. Criou um só homem, à sua imagem e semelhança. Se Deus que é Pai, nosso criador, não distinguiu a sua criatura, quem teria autoridade para discriminar alguém? Ainda mais que sabemos que o ser humano se defronta com duas limitações intransponíveis: defeito de fabricação e prazo de validade. Haveremos de morrer, só não sabemos como e quando. Tenho pensado muito nela, a morte, não que a deseje por perto, mas como uma aceitação natural. Ela, a morte, não pode ser encarada como o fim de tudo. Se assim fosse, ela se tornaria um absurdo e a vida presente seria o nosso único bem. Pior ainda, nossa vida se tornaria sem sentido e sem valor algum. Seria então o caso de perguntarmos: - Viver então para que? Devemos ver a morte como uma transformação, uma oportunidade de evolução. Acho que a vida terrestre deve ser triste e sem gosto para quem não tem a perspectiva de vida após a morte. Meus questionamentos nesse sentido talvez possam ser creditados à idade, pois à medida que envelhecemos, eles aumentam e se aprofundam naturalmente. E ao refletir sobre a soberba e a morte pergunto: - Daqui a cem anos que diferença fará se usarmos durante a vida roupas de marca ou compradas em liquidações? Se moramos num triplex de cobertura ou numa pequena casa alugada? Se passamos as férias nas Ilhas Gregas, no Caribe ou no quintal de nossas casas? Se comemos caviar iraniano, trutas ou feijão com arroz? Se dormimos em colchão especial, travesseiros com penas de ganso, lençóis de seda chinesa, de linho egípcio ou num pequeno catre? - Daqui a cem anos que diferença fará se possuirmos carro importado ou se andávamos de bicicleta? Se ocupávamos um cargo de destaque em uma grande empresa ou se éramos apenas um operário? Se andamos em tapetes persas ou em um chão poeirento? Se tivemos vários empregados ou recebíamos ordens de um patrão? Se tivemos muito dinheiro ou se vendíamos o almoço para comprar a janta? Que diferença fará? Entretanto creio que fará toda a diferença, não só daqui a cem anos, mas por toda a eternidade se formos pessoas íntegras, humildes, generosas e éticas, e se tivermos expandido nossa mente em busca da iluminação e deixarmos de lado a soberba. Devemos nos lembrar de que somos à imagem e semelhança de nosso criador. Se isso constitui um privilégio, há que ser, necessariamente e por via de consequência, uma tremenda responsabilidade. Portanto, devemos conservar e mostrar essa imagem na qual Deus quer se refletir dentro de nós. E não é com certeza na soberba que “Ele” fará isso. “Quem se exalta será humilhado, mas quem se humilha será exaltado”. É do evangelho esta máxima que nos ensina a humildade como a mais bela virtude. Não devemos nos julgar melhor nem mais importante do que ninguém. Não somos indispensáveis ou insubstituíveis, em nosso trabalho ou em nada na vida, aliás, ninguém o é, somente Deus, o grande criador é indispensável. Quanto menor nós nos fizermos, mais admirado e estimado seremos por todos que nos cercam. O que torna uma pessoa importante não é o cargo e nem a posição que tem e muito menos a autoridade que exerce. O que a torna importante, querida e respeitada é sua simplicidade, a sua educação no falar e no agir. Procure ser simples, entenda que viver assim é antes de tudo um ato inteligente, pois uma pessoa simples atrai para si as energias positivas de muita gente. Lembre-se também “se alguém quiser ser o primeiro, será o servo de todos” (Marcos – 10-44). Humilde não é o que esconde ou nega o seu próprio valor, é aquele que se faz respeitar pelo que vale pelo que é pelo que possui, mas disso não faz ostentação. Devemos nos lembrar de que ao contrário do que possamos imaginar, vivemos recebendo favores. Recebemos de Deus o sol, a chuva, a brisa, o vento, o orvalho, a flor, o calor, o frio, o dia, a noite, a luz, o som, o trabalho, o repouso, a (o) companheira (o), os filhos, os pais, os irmãos, a lua e as estrelas. Vivemos recebendo favores, então porque tanto orgulho tanta soberba? Os bens terrenos são passageiros e efêmeros e ficarão aqui mesmo, não irão conosco para a eternidade. Nosso verdadeiro tesouro é aquele que está vinculado à nossa alma eterna e imortal, e é o que apresentaremos ao criador quando formos prestar as nossas contas. Atentemos, pois o nosso tempo de hospedagem aqui no planeta terra que está chegando ao fim. O relojinho do tempo não para, tic-tac-tic-tac-tic-tac, e o que aguarda o nosso corpo carnal são somente sete palmos de terra fria. Tic-tac-tic-tac-tic-tac.

terça-feira, 17 de julho de 2012

OS SETE PECADOS CAPITAIS- A HISTÓRIA/A LENDA-FERNANDO MARTINS FERREIRA

A HISTÓRIA Ao contrário do que muitos imaginam, a origem dos sete pecados capitais não é bíblica. Remonta ao século IV da era cristã e teriam surgido no movimento monástico cristão ocorrido no Egito, quando o Monge Grego Evágrio Pôntico (ou do Ponto) – 345/399 – teria escrito uma lista com oito pecados que afligiam a vida dos monges do deserto. São eles: Gula, Libertinagem, Avareza, Melancolia, Ira, Letargia Espiritual, Vanglória, Orgulho. Um dos discípulos do monge, João Cassiano (Santo) levou essa relação ao ocidente onde no século VI, o Papa Gregório Magno (Santo) fez algumas mudanças na lista que resultou em sete pecados: Orgulho, Inveja, Ira, Melancolia, Avareza, Gula, Luxúria. Tempos depois, São Tomás de Aquino, liderando outros teólogos revisaram novamente a lista e chegou ao que hoje conhecemos como os sete pecados capitais. São eles: Soberba, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza, Gula, Luxúria. Quatro pecados são aqueles que se cometem contra o espírito e que prejudicam tanto quem os comete quanto a pessoa contra qual são cometidos. São: Ira, Avareza (Cobiça), Inveja, Soberba (Orgulho). Os outros são pecados que se praticam contra o corpo. São eles: Preguiça, Gula, Luxúria. Segundo o psicólogo Waldemar Magaldi Filho, “o melhor modo de não sermos dominados pelos pecados é não perdermos o alvo, a meta existencial que deveria ser o sacro-ofício de servir ao invés de apenas servir-se da natureza e da vida”. Continua ele: “E como os seres humanos possuem tanto os pecados quanto as virtudes devemos ter tolerância com quem é possuído por eles e criar condições para despertar as virtudes, em nós e nos outros. À medida em que as pessoas se tornam menos egoístas e mais amorosas as virtudes surgem no lugar dos pecados”. Os pecados capitais segundo a Igreja são graves e perdoados apenas com penitência, estipulada depois da confissão. O homem virtuoso só seria aquele que desconhece o ódio, porque somente ama. É o que não pensa nem fala no egoísmo, porque ama o desprendimento. É aquele que perdoa constantemente por conhecer o clima de paz, por amar. Difícil, não é? Quinze séculos se passaram desde que os monges do Egito começaram a refletir sobre o assunto, e eles, os pecados, continuaram firmes em nossa cultura. A LENDA Conta a lenda que certo dia um casal ao chegar do trabalho encontrou algumas pessoas dentro de sua casa. Achando que eram ladrões ficaram assustados, mas, um homem forte e saudável, com corpo atlético disse: - Calma meus amigos, nós somos velhos conhecidos e estamos em toda parte do mundo. - Mas quem são vocês? – Perguntou a mulher. - Eu sou a preguiça – respondeu o homem másculo – estamos aqui para que vocês escolham um de nós para sair definitivamente da vida de vocês. - Como você pode ser a preguiça se tem o corpo de atleta que vive malhando e praticando esportes? Pelo que sei a preguiça não tem ânimo para isso – falou a mulher. - A preguiça é forte como um touro e pesa toneladas nos ombros de preguiçosos, com ela ninguém pode chegar a ser um vencedor. Uma mulher velha e curvada, com a pele enrugada, mais parecendo uma bruxa diz: - Eu, meus filhos, sou a luxúria. - Não é possível! – diz homem – Você não pode atrair ninguém com essa feiúra. - Não há feiúra para a luxúria, amigos. Sou velha porque existo há muito tempo entre os homens, sou capaz de destruir famílias inteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos até a morte. Sou astuta e posso me disfarçar na mais bela mulher. Um mau cheiroso homem, vestindo trapos de roupas, parecendo mais um mendigo, diz: - Eu sou a cobiça, por mim muitos já mataram, por mim muitos abandonaram famílias e pátria, sou tão antiga quanto a luxúria, mas eu não dependo dela para existir. Tenho essa aparência de mendigo porque por mais bem vestido que eu me apresente, por mais rico que seja, sempre vou querer o que não me pertence. - E eu sou a gula – diz uma belíssima mulher, com um corpo escultural, cintura fina, seios perfeitos, lindos cabelos sobre os ombros e olhos expressivos. Todo corpo dela tinha harmonia de forma e movimentos. Assustam-se os donos da casa e a mulher diz: - Sempre imaginei que a gula seria gorda. - Isso é o que vocês pensam. Sou bela e atraente porque se assim não fosse, seria muito fácil livrarem-se de mim. Minha natureza é delicada, normalmente sou discreta, quem tem a mim não se apercebe, mostro-me sempre disposta a ajudar a busca da luxúria. Sentado a um canto, em uma cadeira confortável, um senhor, também velho, mas com o semblante bastante sereno, com voz doce e movimentos suaves, diz: - Eu sou a ira. Alguns me conhecem como cólera. Tenho muitos milênios, também não sou homem, nem mulher assim como todos meus companheiros que estão aqui. - Ira? Que isso? Você é tão doce. Parece mais o vovô que todos gostariam de ter – disse o homem da casa. - E a grande maioria me tem assim! – respondeu o vovô. – Matam com crueldade, provocam brigas horríveis e destroem cidades quando eu me aproximo. Sou capaz de eliminar qualquer sentimento diferente de mim, posso estar em qualquer lugar e penetrar em qualquer residência inclusive nas mais protegidas. Mostro-me calmo e sereno para mostrar-lhes que a ira pode estar aparentemente mansa. Posso também ficar contido no íntimo das pessoas sem me manifestar, provocando úlceras, câncer e as mais terríveis doenças. - Eu sou a inveja. Faço parte da história do homem desde sua aparição na terra – diz uma jovem linda que ostentava uma coroa de ouro cravejada com diamantes. Usava também brincos e braceletes e roupas finas de extremo valor. Assemelhava-se a uma princesa rica e poderosa. - Como inveja? Se é rica e bonita e parece ter tudo o que deseja – disse a mulher da casa. - Há os que são ricos, os que são poderosos, os que são famosos e os que não são nada disso, mas eu estou entre todos. A inveja surge pelo que não se tem e o que não se tem é a felicidade. A felicidade depende do amor, e isso é o que mais carece a humanidade. Provoco mortes e sofrimentos, onde eu estou está também a tristeza. Enquanto os invasores se explicavam, um garoto que aparentava ter cerca de oito anos brincava pela casa. Sorridente e de aparência inocente, característica das crianças, sua face de delicados traços mostravam a plenitude da jovialidade. - E você garoto, o que faz junto a esses que parecem a personificação do mal? Você não faria mal a ninguém, até porque é uma criança – diz o homem. O garoto responde com um sorriso largo e olhar profundo: - Você se engana. Eu sou o orgulho. - O orgulho? Mas você é apenas uma criança! Tão inocente quanto as outras. O semblante do garoto tomou um ar de seriedade que assustou o casal e diz: - O orgulho é como uma criança mesmo, mostra-se inocente e inofensivo, mas não se enganem, sou tão destrutivo quantos todos aqui, quer brincar comigo? A preguiça interrompe a conversa e diz: - Vocês devem escolher um, e apenas um, de nós para sair definitivamente da vida de vocês. Queremos uma resposta. O homem da casa responde: - Por favor, nos dê dez minutos para que possamos pensar. O casal se retirou para o quarto e lá fizeram várias considerações. Dez minutos depois retornaram. - E então? – Perguntou a gula. – O que resolveram? - Queremos que o orgulho saia de nossas vidas. O garoto olha o casal com olhar fulminante, pois queria ficar ali. Porém, respeitando a decisão, dirige-se à saída. Os outros, em silêncio, acompanhavam o garoto quando o homem perguntou: - Ei! Vocês também vão embora? O menino com ar severo e com a voz forte de um orador experiente diz: - Escolheram que o orgulho saísse das vidas de vocês e fizeram a melhor escolha, pois onde não há orgulho não há preguiça, pois os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nada fazer para viver não percebendo que na verdade vegetam. Onde não há orgulho não existe a luxúria porque os luxuriosos têm orgulho de seus corpos e se julgam merecedores. Onde não há orgulho, não há cobiça, pois os cobiçosos têm orgulho das migalhas que possuem, acumulando tesouros na terra e invejam a felicidade alheia, não percebem que na verdade são fantoches dos desejos. Onde não há orgulho, não há ira, pois os irados têm facilidade com aqueles que segundo o próprio julgamento, não são perfeitos, não percebem que na verdade sua ira é resultado de suas próprias imperfeições. Onde não há orgulho, não há inveja, pois os invejosos sentem o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio seja ele qual for. Precisam constantemente de superar os demais nas conquistas, não percebem que na verdade são ferramentas da insegurança. Saíram todos sem olhar para trás, e ao baterem a porta um fulgurante raio de luz invadiu o recinto. OS SETE PECADOS CAPITAIS AUTOR:FERNANDO MARTINS FERREIRA EDITORA: VIRTUAL BOOKS-2010 femafer@hotmail.com

segunda-feira, 9 de julho de 2012

UMA QUESTÃO DE FÉ-TEXTO DE FERNANDO MARTINS FERREIRA

A minha crença na reencarnação vem da minha fé em Deus. Crendo nela e tendo-O como um pai justo, generoso e amoroso, encontro explicações plausíveis para tantos problemas e desigualdades que encontramos mundo afora. Ou talvez, você caro leitor, possa ter explicações convincentes para o fato de algumas pessoas nascerem em países pobres, sobrevivendo às vezes na mais extrema miséria, com doenças crônicas e outros nascerem em berços esplendidos como em alguns países da Europa. Talvez você possa explicar a gritante diferença social em nosso país, favelas com esgoto a céu aberto de um lado e condomínios de luxo nababesco de outro. Uns já nascem sob o estigma da pobreza, da doença, da miséria e assim vivem por toda uma vida. Seríamos tolos, se creditássemos isso somente ao acaso, se não acreditarmos que tudo que passamos aqui nessa vida, não seja em pagamento de débito de vidas anteriores. Mesmo rico ou pobre, negro, branco ou amarelo, feio ou bonito, atire a primeira pedra aquele que nunca passou por momentos difíceis na vida. Às vezes as dificuldades tão intensas que nos levam a pensar que não vamos conseguir suportar situações que podem e às vezes nos levam efetivamente ao fundo do poço. A lista dos problemas que afligem nossa alma é grande e nos fazem sentir, desamparados. São injustiças, trações, abandono, doenças, perdas, desemprego e tantos outros. Há momentos que não temos nem, mesmo com quem conversar abrir nossa alma, trocar idéias. Aí nos agarramos a Ele e na certeza (Fé) de que não estamos aqui por acaso e muito menos sós. Ao acreditarmos que nossa vida aqui na terra tem sentido e que nossa finalidade é cumprirmos o nosso ciclo evolutivo, encontramos conforto para os nossos males. No entanto, não podemos em hipótese alguma cruzar os nossos braços, pensando: Como sou um sofredor, reencarnei pobre, doente, e infelizmente essa é minha sina. Não, não é. O nosso caminho enquanto na terra é de muita luta para nos tornarmos melhores e não cruzando os braços com a boca “escancarada cheia de dentes” como disse Raul Seixas, esperando a morte (o desencarne) chegar. Precisamos, necessitamos crescer espiritualmente. Temos um compromisso de pelo menos reencarnarmos um pouco melhor da próxima vez, é por isso que aqui estamos. Enquanto, porém, não chega o nosso desenlace carnal, resta-nos agradecer a Deus pelas alegrias que alimentam nosso espírito, pelas tristezas e frustrações que fortalecem nossa vontade. Pelos acertos que satisfazem nosso ego, e pelos fracassos que sedimenta nossa fé. Resta-nos também, tentar sermos felizes e saber que vale a pena viver e amar, apesar de todos os problemas e incertezas. Ser feliz é agradecer a Deus diariamente pelo milagre de estarmos nesse processo evolutivo chamado vida. Ser feliz é agradecer a cada amanhecer, é não ter medo dos próprios sentimentos. Usufrua da felicidade e do gosto pela vida e faça delas um constante aprendizado e, principalmente perdoe. Seja grande para os aborrecimento e pobre para a raiva. Forte para vencer o medo e alegre para se permitir momentos felizes. Crendo você ou não na reencarnação, pense sempre no melhor, trabalhe sempre para o melhor e espere sempre o melhor. Que as mãos generosas do senhor Deus, nos protejam nessa vida e em todas nossas vidas vindouras. Amem!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

MANOEL BATISTA ERA PORTUGUES TEXTO DE FLAVIO MARCUS DA SILVA(FOTO)

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Manoel Batista era português Na França, a Revolução de 1789 foi um golpe terrível para a herança cultural da Idade Média. Na sociedade francesa do século XVIII (herdeira da cultura medieval), a nobreza no poder valorizava o ócio e cultuava as aparências, amava a riqueza (mas não o trabalho) e colocava acima de tudo as relações pessoais, as amizades e o parentesco, numa confusão perdulária entre Público e Privado. O pensamento iluminista de meados do século XVIII e a Revolução Francesa introduziram radicalmente nesse mundo conceitos polêmicos como República, Direitos Humanos, Cidadania, Razão, etc., e certamente contribuíram para que o povo francês, de forma geral, nos séculos XIX e XX, passasse a atuar no espaço público(que era de todos) defendendo com paixão o Bem Comum. Em Portugal não houve nada que se comparasse à Revolução Francesa. Ao contrário do que ocorreu na França, a nobreza portuguesa nunca foi confrontada em seus valores e visões de mundo tradicionais (medievais) por outras ideias, valores e concepções. Na França, a burguesia e outros grupos progressistas bateram de frente com a nobreza, impondo ideias que valorizavam o espaço público e definiam a Cidadania enquanto prática política organizada, visando à defesa do que é público para o público. Em Portugal, essa burguesia não existiu. A nobreza tradicional, apegada àqueles valores tipicamente medievais – o culto às aparências, a valorização do ócio e das relações pessoais e de parentesco no seio do Estado, a confusão entre Público e Privado – não foi confrontada por nenhum outro grupo. Na verdade, a nobreza portuguesa se aburguesou por necessidade, mas agarrando-se firmemente aos valores antigos, que ela trouxe para o Brasil junto com a frota de Pedro Álvares Cabral em 1500. Enquanto isso, o Estado português se fechava ao Humanismo, ao Racionalismo e, mais tarde, ao Iluminismo francês, mantendo-se firme naqueles princípios tradicionais. Essa foi, portanto, a mentalidade que vigorou no Brasil durante todo o período colonial, tendo sido transferida quase naturalmente, como herança portuguesa, para o Brasil independente, após 1822, e também para a República, depois de 1889 (que de República, até hoje, infelizmente, tem muito pouco). Porém, o mais grave disso tudo, a meu ver, é a forte presença do elemento afetivo nas relações políticas brasileiras. Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil, de 1936, explica essa questão, referindo-se ao período colonial: “O peculiar da vida brasileira parece ter sido, por essa época, uma acentuação singularmente enérgica do afetivo, do irracional, do passional, e uma estagnação ou antes uma atrofia correspondente das qualidades ordenadoras, disciplinadoras, racionalizadoras. Quer dizer, exatamente o contrário do que parece convir a uma população em vias de organizar-se politicamente”. Nada vinha de Portugal que contestasse essa ordem natural das coisas, esse apego ao passado, à tradição medieval; e a cultura nobre portuguesa, livre de qualquer obstáculo, se enraizou no Brasil de tal forma, que até hoje ela conduz a nossa vida, sobretudo no espaço público. Pará de Minas nos oferece exemplos claros desse apego às tradições portuguesas: 1) Como em qualquer outra cidade brasileira, o culto às aparências é algo que chama a atenção em nossa cidade (a preocupação que as pessoas têm em se exibir para os outros, aparentando riqueza e poder, mesmo que a realidade seja bem diferente). 2) A forma como se faz política por aqui, apelando para os laços de amizade e parentesco, e tratando os eleitores, muitas vezes, como clientes particulares, num claro desprezo pela noção iluminista de Res Publica, ou Bem Comum. 3) Essa coisa que as pessoas têm de levar tudo para o lado pessoal (se um candidato é meu parente, por exemplo, eu tenho a obrigação de votar nele). 4) Essa mania que muita gente tem de querer levar vantagem em tudo, de passar os outros para trás, permitindo-nos uma comparação com o que Sérgio Buarque de Holanda afirma sobre os portugueses do período colonial: “O que o português vinha buscar era, sem dúvida, a riqueza, mas riqueza que custa ousadia, não riqueza que custa trabalho”. 5) A dificuldade que as pessoas têm de se organizar e cobrar das autoridades o bom governo da Coisa Pública – fruto da dificuldade crônica de se perceber o próprio Público (depreda-se com muita naturalidade o patrimônio público; joga-se lixo nas ruas e passeios públicos; leis públicas são desrespeitadas na maior cara de pau, etc.). 6) E o último exemplo, que me faz pensar em Portugal nos séculos XVI, XVII e XVIII: a desvalorização do professor e da Educação Pública em geral, dificultando a formação de cidadãos críticos, capazes de contestar essa herança cultural retrógrada. Por isso, nada mais lógico e natural do que o mito fundador de Pará de Minas estar ligado a Portugal e à sua cultura. Manoel Batista, o mercador português que aqui chegou, talvez ainda no período colonial (segundo o mito), estabelece um nexo perfeito entre o passado e o presente da nossa cidade. Ele faz a ponte entre o universo medieval português e o nosso cotidiano hoje, marcado (com maravilhosas exceções, é claro), pelo culto às aparências, pela confusão entre Público e Privado, pelo “jeitinho”, etc. Não quero, com isso, menosprezar a enorme contribuição cultural de negros e índios para a nossa formação, muito menos desprezar o que os portugueses nos legaram de bom; mas no espaço deste artigo (que já avançou muito), coube apenas o destaque àquilo que, para mim, marcou mais a nossa cultura local, assim como a maior parte das outras culturas locais por esse Brasil afora: o tradicionalismo português – personalista, pomposo, pobre e atrasado. Manoel Batista era português. Pelo menos para mim. Se ele não existiu ou se não era português, acredito que esse nome – Manoel Batista –, que é uma referência em Pará de Minas, já representa por si só o espírito português: as trevas lusitanas trazendo o atraso cultural e o conservadorismo pomposo para a sociedade patafufa do presente. E o que significa, nessa minha análise, o sete de setembro de 1822? Nada, a não ser o continuísmo, a perpetuação da tradição portuguesa no Brasil. Quem declarou o Brasil independente de Portugal? Espero que todos saibam. R: Foi o filho do próprio rei de Portugal, o príncipe D. Pedro, que representava todo o continuísmo português. Não houve ruptura com o passado, nenhuma revolução. A nossa primeira história oficial, por exemplo, foi escrita nos anos 1850, valorizando a colonização portuguesa! Diante disso, como contestar o nosso mito? Como podemos afirmar que Manoel Batista tinha sangue indígena, como alguns pesquisadores querem demonstrar? Para mim, não tem conversa: Manoel Batista era português. QUEM É FLAVIO MARCUS DA SILVA Nascido em Pará de Minas- MG em 1975. Possui graduação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1997) e doutorado pela Universidade federal de Minas Gerais (2002) com estágio (Doutorado- sanduíche/CAPES) na Universidade de Lisboa- Portugal (2002). Atualmente é Vice- diretor da Faculdade de Pará de Minas- FAPAM-(MG) onde já exerceu os cargos de Coordenador do Curso de História, coordenador do NUPE- Núcleo de Pesquisa, e foi professor nos cursos de História e Administração. Atualmente leciona nos cursos de Direito e Pedagogia. É autor do livro SUBSISTENCIA E PODER: a política do abastecimento alimentar nas Minas Setecentistas (Editora UFMG -2008) e de artigos publicados em periódicos e livros de História. Um de seus trabalhos foi publicado no livro HISTÓRIA DE MINAS GERAIS- As Minas Setecentistas (Editora Autentica 2007) obra vencedora do PREMIO JABUTI 2008 na categoria Ciências Humanas. Atualmente exerce também a função de Pesquisador Institucional da Faculdade de Pará de Minas junto ao Ministério da Educação, sendo responsável pelo acompanhamento dos processos e renovação de reconhecimento dos cursos de graduação da IES. Em 2009 foi eleito para a Academia de Letras de Pará de Minas. www.nwm.com.br/fms