segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"A PREGUIÇA" DO LIVRO "OS SETE PECADOS CAPITAIS" (2010)-FERNANDO MARTINS FERREIRA

A PREGUIÇA “A preguiça anda tão devagar que a miséria facilmente a alcança”. Benjamim Franklin A preguiça é definida como aversão ao trabalho, negligência, indolência, pachorra, moleza, morosidade e lentidão para fazer qualquer tarefa. O preguiçoso sente um aborrecimento natural pelo trabalho do dia-a-dia e tem um apego enorme ao descanso que o leva a imitir suas obrigações ou descuidá-las. O preguiçoso é na verdade uma pessoa que não gera expectativa e sempre desvia de qualquer culpa que possa recair sobre ele. É portanto, sempre liso, escorregadio, é aquela pessoa que deixa sempre suas tarefas, os seus afazeres, para depois. É adepto do desculpismo e justifica sua preguiça com desculpas esfarrapadas do tipo: – “Amanha eu faço” – passam-se os dias e ele é cobrado pelo que não fez e ele arranja mais desculpas. Existem outras: – “Não posso, estou sem tempo” – já reparou que o preguiçoso está sempre sem tempo? - “Não fiz porque não estou me sentindo bem”: Porque não procura um médico para se tratar? - “Durmo muito porque estou cansado”: Dorme dorme e nunca está descansado, sempre precisa dormir mais. - “Não fiz o relatório porque não deu tempo”: Não deu tempo porque empurrou a tarefa, porque é desorganizado e não administra o seu tempo. - “Nossa! Me esqueci completamente”: Esqueceu-se? Porque não anotou? - “Amanha farei essa arrumação”: Sempre amanhã, engana a si próprio. Note que o preguiçoso está sempre fazendo os outros esperar porque não se organiza e não tem respeito com as pessoas. Chega sempre atrasado aos compromissos sofrendo com isso admoestações diversas. Está sempre perdendo objetos, não sabe nunca onde deixou aquela chave, os óculos, um livro ou a carteira. Desorganizado que é, perde precioso tempo na busca dos objetos. Não é adepto do abriu-fechou, acendeu-apagou, sujou-limpou. Podemos dizer que a preguiça se subdivide em preguiça espiritual e preguiça corporal. A primeira é a falta de ânimo, de coragem para o cumprimento dos deveres religiosos na oração e o segundo é mesmo o desleixo de nossas obrigações corporais. Segundo o Budismo, a preguiça é um dos principais obstáculos ao despertar da nossa alma. Ela se manifesta de três maneiras: a) A preguiça do conforto, que nos faz permanecer sempre no mesmo lugar; b) A preguiça do coração quando nos sentimos desencorajados e desestimulados; c) A preguiça da amargura quando nada mais importa e já não somos parte deste mundo. Seja qual for a religião, a preguiça é algo que deve ser combatido e pode ter modificações psicológicas ou fisiológicas no indivíduo. Portanto, a pessoa acometida de preguiça necessita estudar as circunstancias em que se encontra e traçar objetivos de modo que seja conveniente para si e para os demais. O que pode causar a preguiça? - Frio: O corpo necessita de movimento para manter-se aquecido. - Noite mal dormida: O sono faz com que as pessoas tenham seus movimentos e raciocínios limitados. - Ambiente calmo: Estimulam a indisposição e dão sono. - Má alimentação: Não gera energia suficiente para o organismo e dá moleza e indisposição. - Acúmulo de serviço: Faz com que a pessoa adie suas responsabilidades. - Excesso de comida ou bebida: Provoca a moleza e o sono. E no que resulta a preguiça? - Em desânimo: A pessoa não tem atitude de mudar o comportamento - Em fracasso: A pessoa não tem vontade de realizar nada e se torna ultrapassado, não conseguindo “prosperar” na vida pessoal e profissional. - Em problemas de saúde: Quem não se movimenta tem mais chances de contrair doenças. - Em necessidades: Aquele que não trabalha necessita de outros para manter suas atividades. A preguiça no entanto, pode ser contornada se o indivíduo procurar ter uma vida mais saudável de modo a melhorar sua indisposição através de uma alimentação adequada. É recomendável também a mudança de hábitos trocando-os por outros que lhe tragam maior satisfação além de organizar melhor o seu tempo, o espaço onde vive e a vida. Enfim, procurar coisas que dê satisfações e mais sentido à vida. O escritor espiritualista Divaldo Franco em seu livro “Conflitos Existenciais” recomenda contra a preguiça: a) Exercício, movimentação, afim de preservar a própria estrutura física, b) Exercitar a mente com pensamentos saudáveis, c) Pensar é uma benção. Auxilia a capacidade do raciocínio afim de elaborar projetos que mantenham o entusiasmo e a alegria de viver, d) Terapia para a preguiça, e) Interrogar-se por que estou sofrendo? Até quando suportarei essa situação? O despertar terapêutico, segundo Divaldo Franco, começa a surgir com a vergonha pelo estado que se encontra, dando início ao labor de renovação interna. Surge então, o natural desejo para a recuperação passando a ver a preguiça como enfadonha e monótona. Conta uma história da tradição oral que: Assim que morreu, José encontrou-se num belíssimo lugar rodeado de conforto e beleza. Um sujeito vestido de branco aproximou-se dele e disse: - “José, você tem o direito de pedir o que quiser: Qualquer alimento, prazer ou diversão”. Encantado, José aproveitou e fez tudo o que queria fazer durante a vida e não fez. Bebidas, mulheres lindas, festas intermináveis e jogos. A vida lhe sorria de domingo a domingo, mas acontece que até dos excessos de prazeres, o homem se cansa. E depois de muitos anos, procurou o sujeito de branco: - Já experimentei tudo o que tinha vontade, disse. - Preciso agora de um trabalho, o menor que seja, para me sentir útil. - Sinto muito – Disse o sujeito de branco – mas esta é a única coisa que não posso conseguir. Aqui não há trabalho. - Que isso? – gritou surpreso o José – Passar a eternidade morrendo de tédio? Está louco? Não quero. Prefiro mil vezes estar no inferno. O homem de branco aproximou-se e disse em voz baixa: - E onde o senhor pensa que está? Não devemos, no entanto, confundirmos repouso com preguiça. O repouso é necessário e é o momento em que se processa o importante trabalho do armazenamento da força vital dentro de nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário